“Que sejamos o primeiro sinal da união da Igreja em Portugal e estejamos em diálogo com a sociedade” – Presidente da Conferência Episcopal“

D.José Ornelas afirmou que o momento político e económico atual é determinante para o futuro

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) hoje eleito disse em declarações à Agência ECCLESIA que os bispos devem ser “primeiro sinal da união da Igreja em Portugal” e deseja promover uma atitude de diálogo com a sociedade.

“O que é importante é que este grupo que são os bispos, e que sabem que por trás de cada um está uma Igreja, que sejam o primeiro sinal de união da Igreja em Portugal, que se sente ligada à Igreja do Senhor Jesus através do Papa, uma Igreja que procura valorizar todos os carismas que o Espírito lhe concede para a construir e que estejamos em diálogo com a sociedade de que fazemos parte”, afirmou D. José Ornelas.

O presidente da CEP afirmou que, nos “temas fundamentais”, a Conferência Episcopal Portuguesa está unida, sendo necessário “coordenar” as  atividades conjuntas “mais solidariamente”.

“Sobre os temas fundamentais na vida da Igreja não há divisão na CEP absolutamente nenhuma”, afirmou D. José Ornelas.

D. José Ornelas, bispo de Setúbal, foi hoje eleito em Fátima como presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) para o triénio 2020/2023, sucedendo no cargo a D. Manuel Clemente, informou o organismo, em comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

O novo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa disse que recebeu os resultados das eleições com “surpresa” e com “receio”, por causa da necessidade de “compaginar com as responsabilidades à frente da Diocese de Setúbal” as que agora assume.

D.José Ornelas expressou a “gratidão” pela liderança da CEP nos últimos dois mandatos, com os cardeais D. Manuel Clemente e D. António Marto na presidência e vice-presidência, respetivamente, e disse contar com “o conforto” dos colegas que o elegeram “vão estar presentes”.

“Dá-me muito gosto ser parte de uma Igreja que continua a refletir, a pensar e caminhar procurando auscultar o ritmo dos tempos e trazer para eles a presença da Igreja, do Espírito de Deus”, afirmou.

A Assembleia Plenária que está a decorrer em Fátima elaborou um documento que, para D. José Ornelas, é um “contributo” da Igreja em Portugal para o “diálogo social” a partir da emergência que se vive por causa da pandemia covid-19.

“Temos de construir um mundo que não seja totalmente igual. Que utilize todas as riquezas que nós temos, mas também seja capaz de sonhar mundos novos e que aprendamos dos esforços todos que se fizeram neste tempo para construir uma humanidade melhor para todos”, referiu.

O novo presidente da CEP disse que o momento político e económico da atualidade é determinante para o futuro para “criar perspetivas novas para um mundo renovado e ao mesmo tempo integrado em todas as suas dimensões”.

Como vice-presidente da Conferência Episcopal foi eleito D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra, que era vogal do Conselho Permanente da CEP no último mandato e está à frente da Diocese Coimbra desde 2011, ano em que foi ordenado bispo, depois de ter sido reitor do Santuário de Fátima.

Além do presidente e do vice-presidente, o Conselho Permanente inclui cinco vogais: D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa; D. Manuel Linda, bispo do Porto; D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda; o cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima; e D. Francisco Senra Coelho, arcebispo de Évora.

Nesta lista, são novidades, face ao anterior triénio, o bispo do Porto e o arcebispo de Évora.

O secretário da CEP, padre Manuel Barbosa, foi reconduzido no cargo.

O novo presidente da CEP, de 66 anos, era vogal do Conselho Permanente da CEP no último mandato e está à frente da diocese sadina desde 2015, ano em que foi ordenado bispo, depois de ter sido responsável mundial pela Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos).

D.José Ornelas tem acompanhado de perto os problemas sociais na Diocese de Setúbal e, mais recentemente, uniu-se às vozes que condenam “o racismo, a injustiça e a exclusão”, sublinhando que estas não têm lugar na Igreja Católica.

No final de maio, em entrevista à Agência ECCLESIA, o bispo de Setúbal afirmou que as imagens que têm passado nos meios de comunicação social do Bairro da Jamaica “são uma vergonha para o país”, disse que é preciso “transformar o bairro” e que é fundamental “uma habitação digna”.

Para D. José Ornelas, pedir às pessoas que tenham comportamentos responsáveis na prevenção da propagação da pandemia de Covid-19 implica que tenham os meios “minimamente necessários” e tenham “uma habitação que seja comportável para isso”.

D.José Ornelas Carvalho nasceu a 5 de janeiro de 1954, no Porto da Cruz (Madeira), tendo feito a sua formação religiosa na Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos); foi ordenado padre na sua terra natal, a 9 de agosto de 1981.

Especialista em Ciências Bíblicas, com o grau de doutor em Teologia Bíblica pela Universidade Católica Portuguesa, foi docente desta instituição académica entre 1983-1992 e 1997-2003.

Foi superior da Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus, cargo que assumiu a 1 de julho de 2000; seria eleito superior geral dos Dehonianos a 27 de maio de 2003, cargo que ocupou até 6 de junho de 2015.

Após estes mandatos, D. José Ornelas Carvalho tinha sido indigitado, a seu pedido, para uma missão em África, mas o Papa Francisco nomeou-o bispo de Setúbal, em agosto de 2015.

(Com Ecclesia)

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