Por Renato Moura
A Jornada Mundial da Juventude não acabou. A abundância espiritual que ofereceu começa a fazer os seus efeitos: não apenas nos participantes, não só nos jovens, como em toda a gente de boa vontade, cristãos ou não, em todo o mundo, incluindo as pequenas aldeias.
A Jornada não foi apenas um conjunto de acontecimentos espectaculares; foi sobretudo de uma riqueza doutrinal enorme, que nunca poderia ser absorvida de uma só vez, mesmo que toda a população mundial a pudesse ter acompanhado em directo, visto ou ouvido todas as reportagens.
Permanecem da JMJ2023 não só as homilias e palavras do Papa Francisco – que não apenas primeiro responsável da Igreja Católica, mas cidadão do mundo sempre tão atentamente ouvido por crentes e não crentes – mas também tantos outros pensamentos para lembrar repetidamente e reflectir.
O dever de voltar a tornar presentes todos os conteúdos e testemunhos, pelos anos fora, é da Igreja, de todas as instituições religiosas e do clero, mas é também de cada pessoa que queira participar na construção de um mundo melhor, feito dos mais dignos sentimentos humanos.
Neste espírito deixo alguns à reflexão, destinados sobretudo aos que na complexidade do mundo digital, não tenham facilidade de lhes aceder.
São todos de Francisco. “Deixo-vos a pergunta: O que é que me faz sentir compaixão? Ou tens um coração tão árido que já não sente compaixão? Cada um responda para si”.
“Onde estou eu? Prejudico as pessoas? Onde estou eu? Evito as dificuldades reais ou não temo sujar as mãos? Às vezes na vida é preciso sujar as mãos, para não sujar o coração”.
“Obrigado pelos vossos testemunhos, dos quais quero destacar três aspetos: fazer juntos o bem, agir no concreto e estar próximo dos mais frágeis. Por outras palavras, fazer o bem juntos, agir concretamente, isto é, não só com ideias mas concretamente, estar perto dos mais frágeis”.
“Continuai com mansidão e gentileza a deixar-vos interpelar pela realidade, com as suas pobrezas antigas e novas, e a responder de forma concreta, com criatividade e coragem”.
Que poderemos fazer? Talvez cada um de nós, meditando, deva sentir-se interpelado, seja empresário ou empregado, político ou eleitor, trabalhador ou reformado, juiz ou advogado; todos.
Depois ouvir a consciência, retendo de Francisco: “Os gestos de amor são um dom primariamente para quem os cumpre, antes mesmo de o serem para quem os recebe; porque tudo o que se acumula para si mesmo perder-se-á, enquanto aquilo que se dá por amor nunca se desperdiça, mas será o nosso tesouro no céu”.