D. Rui Valério presidiu à missa que assinalou o 30ºaniversário do Comando Operacional dos Açores, na Igreja da Misericórdia em Angra do Heroísmo
O Bispo da diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança alertou esta manhã para a tentação “da manipulação da verdade” que tantas vezes abre “ um caminho de destruição e morte”, na homilia que proferiu esta manhã na concelebração a que presidiu por ocasião do 30º aniversário do Comando Operacional dos Açores, na Igreja da Misericórdia, em Angra do Heroísmo.
“A serpente adulterou a verdade da Palavra que o Senhor tinha pronunciado e esta manipulação da verdade abriu um caminho de destruição e morte dos quais Cristo veio salvar-nos, resgatando a verdade e franqueando a própria liberdade pois só a verdade nos torna livres” afirmou D. Rui Valério, que concelebrou com o bispo de Angra, D. Armando Esteves.
“Vejo aqui a missão das Forças Armadas, ao garantirem a integridade da palavra fundamental que sustenta a nação: a Constituição. Quando um militar na cerimónia de juramento afirma juro cumprir e fazer cumprir a Constituição está a expressar a dedicação à defesa intransigente da palavra que rege a vida dos cidadãos e garante a sua liberdade. Parabéns Forças Armadas!” disse o prelado num cumprimento aos militares dos vários ramos que servem nos Açores e que hoje participaram nesta celebração festiva.
Comentando a liturgia hoje proclamada no I Domingo da Quaresma, que relata as tentações de que Jesus foi alvo, no caminho do deserto, D. Rui Valério salientou o “confronto entre Jesus e o maligno” em três situações em que Jesus respondeu sempre “com a Palavra divina”, “encarnando e realizando a sua identidade como Messias”.
“As tentações são muito elucidativas” afirmou o prelado destacando que à tentação do poder Jesus contrapõe o serviço; à do privilégio responde com a igualdade e fraternidade e à da sedução responde com verdade.
“Só a fraternidade vence a cultura do egoísmo e a da autorreferencialidade e nesse projecto estão empenhadas também as Forças Armadas” que, “quando tudo parece desfalecer e fraquejar é com as Forças Armadas que se conta, sempre disponíveis para acudir ao país e aos portugueses , no socorro às populações fustigadas pelos sismos ou outras calamidades naturais, no transporte aéreo de doentes, na protecção de vidas e de bens, no combate a incêndios, na defesa de populações vulneráveis, alvos fáceis de grupos armados violentos”, precisou.
“As Forças Armadas de Portugal combateram sempre a discriminação e abriram estradas que conduzem à igualdade de todos os cidadãos; também hoje os nossos militares labutam para não deixar ninguém para trás. Nos lugares onde atuam têm incrementado a paz integral, com ações de solidariedade, de ajuda humanitária a fim de promoverem a integralidade do ser humano, ultrapassando destruição, fome e iliteracia e violência”.
A homilia terminou com duas preces, muito ligadas ao contexto do mundo atual: ”Que a Quaresma reactive em nós o valor das convicções, de não ter medo da verdade nem medo de amar e dar a vida por quem sofreu ou sofre violência” disse D. Rui Valério sublinhando que “o ser humano não é coisa, mas pessoa amada por Deus e este facto é a única justificação de toda a história da salvação”.
“Que a Igreja, hoje, na coragem do amor espie o sofrimento que alguns filhos seus provocaram em tantas vitimas inocentes”, concluiu.
A celebração deste dia especial para as Forças Armadas nos Açores, profundamente ligadas a missões de salvamento e de ajuda às populações, decorreu na Praça Velha da cidade Património da Humanidade com um desfile militar.