Estudo, realizado a pedido da CEP, abrange últimos 70 anos e vai ser apresentado esta segunda-feira
A Presidência da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) recebeu hoje o relatório da Comissão Independente (CI) para o Estudo de Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica, elaborado a partir de testemunhos sobre casos ocorridos nos últimos 70 anos, entre 1950 e os nossos dias.
“Recebemos com profunda emoção e agradecimento o vosso relatório”, disse o presidente da CEP, D. José Ornelas, ao receber o documento, em formato digital, de Pedro Strecht, coordenador da CI.
A entrega decorreu numa sessão realizada na sede da Conferência Episcopal Portuguesa, com a presença da Presidência da CEP e dos membros da Comissão Independente.
D. José Ornelas, bispo de Leiria-Fátima, disse que o relatório vai ser lido “com toda a atenção” para “fazer jus aos dramas que foram revelados” e à “seriedade” do trabalho desenvolvido pelos membros da CI e pelos investigadores que consultaram os arquivos históricos.
“Este trabalho em comum, com a independência de papeis e de competência num caminho comum ficará certamente ligado à história de todos nós, como património para continuar o caminho iniciado”, afirmou o presidente da CEP.
O responsável católico valorizou o trabalho “focalizado naqueles que são mais frágeis” e “a necessidade de unir esforços diferenciados para obter bons resultados, na capacidade de ultrapassar preconceitos e dificuldades”, em ordem a “uma Igreja e uma sociedade mais justas e capaz de oferecer a todos o direito a que têm de dignidade, de defesa da sua integridade”.
O bispo de Leiria-Fátima referiu-se ainda à Assembleia Extraordinária da CEP marcada para 3 de março, e que irá refletir sobre os dados do relatório hoje entregue e “o seu significado”.
Estes trabalhos, acrescentou, vão ajudar a “decidir o melhor seguimento para fazer justiça” ao trabalho da CI e “sobretudo, ao sofrimento das vítimas que foram o primeiro eixo motor de todo este processo”.
O responsável sublinhou a “unanimidade a CEP” em confiar o estudo de casos de abuso na Igreja a uma Comissão Independente, para conhecer para “estudar a fenomenologia desta realidade” que preocupa “profundamente pela dor de quem sofreu” e pela “contradição que significa” em relação à “missão como igreja”.
“Todos esperamos que este trabalho dê frutos e possa constituir uma nova etapa dentro daquilo que mais desejamos que é o bem-estar as crianças e o conhecimento da própria Igreja daquilo que aconteceu de errado no passado e a perspetiva positiva da construção de um novo futuro”, concluiu.
A Conferência Episcopal Portuguesa decidiu criar, na Assembleia Plenária de novembro de 2021, uma comissão para estudar os casos de abuso sexual na Igreja Católica.
A CI foi apresentada publicamente no dia 10 de janeiro de 2022 e revelou, dez meses depois, ter validado até então 424 testemunhos, apontando para um “número significativo” de abusadores entre 1950 e 2022.
Esta segunda-feira, a Comissão Independente apresenta publicamente o relatório final sobre os casos de abuso sexual na Igreja Católica entre 1950 e 2022, entre 09h30 às 12h30, no Auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian.
No mesmo dia, partir das 16h00, o presidente e os membros do Conselho Permanente da CEO encontram-se com os jornalistas numa conferência de imprensa a realizar na Universidade Católica Portuguesa, no piso 1 do edifício da biblioteca da instituição académica, em Lisboa.
(Com Ecclesia)