Procissão percorreu as ruas de Ponta Delgada
Durante quatro horas milhares de peregrinos percorreram as ruas de Ponta Delgada integrando a solene procissão do Senhor Santo Cristo, que decorreu esta tarde na maior cidade açoriana, cumprindo um ritual que se repete há mais de 300 anos.
A procissão contou com um peregrino especial, o Presidente da Republica que se deslocou aos Açores pela primeira vez desde que foi eleito Chefe de Estado.
Marcelo Rebelo Sousa começou a tarde com a plantação de uma árvore no Jardim José do Canto, propriedade da família Athyde e na ocasião enalteceu a “grandeza do povo açoriano” e a “grandeza da sua fé”. “Acabado de chegar a esta grande terra com grande gente, antes mesmo desse outro momento espiritual que projeta essa terra e essa gente em todo o mundo”.
O Presidente da República referia-se às festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres.
“Quer isso dizer que são os valores a realidade mais determinante na vida das sociedades e que esses valores se exprimem tão depressa na fé, como na preservação do património cultual, no sentido mais amplo do termo, porque a História se faz de cultura, as comunidades fazem-se de cultura”, declarou.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou ainda que “para Portugal nada [é] de mais prestigiante do que ver os Açores afirmarem-se em termos culturais em toda a sua pujança, interna e externamente”.
“Este pequeno gesto, selado num dia maravilhoso em que nem o sol deixou de nos acompanhar, significa o reatar de uma tradição presencial e louvar, homenagear, uma linhagem familiar que é mais do que familiar, é comunitária, ao serviço dos Açores e, por isso, também, ao serviço de Portugal”, acrescentou.
Depois incorporou-se na procissão que terminou ao principio da noite com a devolução da imagem às religiosas de Maria Imaculada.
Em jeito de balanço, em declarações à RTP Açores, o reitor, Cónego Adriano Borges louvou “a forma ordeira” como as festas decorreram e sobretudo “a fé manifestada uma vez mais por estes peregrinos”.
“É tremenda a forma como o Campo de São Francisco- deveria ser chamado o Campo do Senhor- se enche de gente em oração, muitas delas soam a preces do coração” referiu o reitor.
“Não há linguagens teológicas para expressar o que se passa aqui. Pode mesmo dizer-se que está no ADN do ser açoriano esta devoção ao Senhor Santo Cristo” concluiu o reitor.
As festas do Senhor Santo Cristo só terminam na quinta feira mas a parte religiosa terminou esta noite com a recolha da imagem que regressou ao Coro Baixo do Convento da Esperança.