Por Renato Moura
Robert Schuman, Ministro dos Negócios Estrangeiros da França, em 1950, apresentou a declaração propondo a criação de uma Comunidade do Carvão e do Aço. França, Alemanha, Itália, Holanda, Bélgica e Luxemburgo, membros fundadores unidos para um mercado comum, tinham já objectivos políticos. Veio depois a criação da CEE com a assinatura do Tratado de Roma em 1958, o Acto Único Europeu em 1985, a UE pelo Tratado de Maastricht em 1992.
Decorridos 66 anos, a 9 de Maio, comemorou-se o Dia da Europa, mas ensombrado por enormes problemas. Não apenas os de segurança, nem só a entrada de refugiados, mas uma crise que sobretudo nalguns dos países se faz sentir com grande intensidade, em variadas vertentes, como sejam o agravamento das assimetrias, a falta de investimento e de crescimento económico sustentável, os desequilíbrios financeiros, os níveis de endividamento, o aumento das desigualdades na distribuição da riqueza, a perda de estabilidade laboral ou a expansão do desemprego.
Dezenas de anos depois dos líderes carismáticos, que tinham uma visão europeísta que já não impera, o desânimo apodera-se das pessoas e toma conta de altos responsáveis políticos.
Federica Mogherini, responsável pelas relações exteriores da UE, confessou “muitas pessoas vão perguntar se ainda temos motivos para comemorar o Dia da Europa. Pela primeira vez na nossa história europeia, a UE enfrenta uma ameaça existencial” e “É hora de mudar a nossa união para salvar a nossa união”.
Martin Schulz, Presidente do Parlamento Europeu, reconheceu “a União Europeia continua a ser uma bicicleta, mas sem ar nos pneus”.
O Presidente da República Portuguesa defende que “a UE precisa de reformas que aproximem os cidadãos e resolvam problemas mais rapidamente, com pedagogia e com uma «tónica social».
A crise que assola a Europa mobilizou políticos de diferentes origens ideológicas e geográficas a se unirem numa petição na internet, a 9 de Maio, num apelo a “uma estratégia para um novo renascimento europeu”. Desejam “pôr o cidadão no centro do projecto”, defendem uma aposta no crescimento e um novo impulso à dinâmica europeia, consideram “primordial fortalecer a democracia europeia” e pedem “uma educação cívica comum”.
Entre os signatários Felipe González e Guy Verhofstadt, ex-primeiros-ministros da Espanha e Bélgica, e a deputada europeia Maria João Rodrigues, Vice-presidente do Grupo Parlamentar dos Socialistas e Democratas, que declarou “sem cidadania europeia mais activa não há resposta para estas crises”.