O padre Eduardo Duque, membro da Equipa Sinodal da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), disse à Agência Ecclesia que o Sínodo 2021-2024 abriu “muitíssimas possibilidades” de mudança nas comunidades católicas, que é preciso implementar.
“Este Sínodo sobre a sinodalidade exige que olhemos para nós próprios e vejamos que há muitas coisas que podemos fazer pela Igreja em que acreditamos e que vivemos, tornando-a mais próxima das pessoas”, indica o sacerdote da Arquidiocese de Braga, docente da Universidade Católica Portuguesa.
A CEP vai promover este sábado, em Fátima, um encontro nacional para debater as conclusões da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos (2021-2024), com os membros dos Conselhos Pastorais Diocesanos e as equipas sinodais de cada diocese. A diocese de Angra estará presente neste encontro com um grupo de seis elementos, incluindo o bispo de Angra.
O padre Duque espera que os princípios da sinodalidade se possam transformar em “medidas muito concretas”, sem “medo de arriscar e de falhar”.
“A Igreja depende dos contextos culturais, económicos, sociais, vivenciais de cada pessoa”, observa o responsável.
O membro da Equipa Sinodal da CEP convida a ler o documento final do último Sínodo de forma “muito aberta”.
“Se vivemos numa sociedade diversa e complexa, não podemos propor que as pessoas vivam a Igreja de uma forma monolítica, não bate certo. O documento trabalha bastante bem a complexidade social em que vivemos, a questão da urbanização” ou da “digitalização”, exemplifica.
O sacerdote defende maior valorização da “riqueza” das comunidades católicas, na sua diversidade.
“Importa convocarmos, abrirmos as nossas comunidades para que as pessoas, estas pessoas, dentro desta complexidade, se possam inserir e rever”, acrescenta.
“Temos de ser flexíveis para não deixarmos ninguém para trás e assim temos um coração aberto, uma Igreja aberta que vai acolhendo. São portas, estamos no tempo de abrir portas, de escancarar o mais possível para que possamos perceber que aquilo que importa é salvar a pessoa”.
O docente universitário fala na formação para “um caminho da sinodalidade”, lembrando que “há mecanismos que são obrigatórios” na consulta e na tomada de decisão, dentro das comunidades, para uma “maior transparência”.
O entrevistado sublinha o desejo que se manifestou, neste processo sinodal, de que “as pessoas possam tomar decisões, possam dizer o que não está bem e propor novas ideias, que não deixem o sacerdote sozinho”.
“Eu diria que é preciso trabalhar as fronteiras. É preciso subir a montanha e ver quem é que está do lado de lá, para que ninguém, de facto, fique de fora”, insiste.
O padre Eduardo Duque dá como exemplo as famílias que se deslocam às suas terras de origem, no final de cada semana, sugerindo que as paróquias criem equipas para “ir ao encontro dessas pessoas, que estão fora, deslocalizadas, e perceber do que é que precisam para não ficarem desintegradas”.
A assembleia sinodal, cuja segunda sessão decorreu de 2 a 27 de outubro de 2024, sob a presidência do Papa, teve como tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’.
O processo começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.
Francisco promulgou o documento final e enviou-o às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal, uma possibilidade prevista na constituição apostólica ‘Episcopalis communio’ (2018).
(Com Ecclesia)