D. Armando Esteves Domingues foi nomeado esta sexta-feira bispo de Angra. Deverá entrar na diocese depois das festas do Natal
A nomeação para a diocese de Angra foi encarada por D. Armando Esteves Domingues com a “naturalidade própria de quem está ao serviço” e não tem pretensões a escolher o que quer: “nunca escolhi nada na vida e sempre procurei estar bem onde estava. Por isso, quando fui convidado pelo Santo Padre agradeci-lhe a confiança para desempenhar esta nova missão e agradeci a Deus por me ter escolhido, ciente de que ele quer sempre o melhor para mim e para cada um de nós”, afirma D. Armando Esteves Domingues na primeira entrevista que concede após a nomeação do Papa Francisco para ser o 40º bispo de Angra.
“O difícil foi dar o passo para ser bispo (há quatro anos). No final de retiro orientado por um padre Jesuíta, quando me preparava para a ordenação episcopal, eu disse-lhe `ainda não percebi bem porque me escolheram para bispo e ele deu-me uma chave de leitura importante: não perguntes “porquê”, mas “para quê” e assim tenho feito o meu caminho”.
“Não tenho expectativas pessoais; as minhas expectativas são as das pessoas com quem caminho e, por isso, nessa diocese que já considero a mais bela do mundo espero poder servir e caminhar com todos”, refere na entrevista que vai para o ar este domingo depois do meio-dia no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores, bem como nas cerca de 40 rádios que transmitem este programa entre os principais países da diáspora açoriana.
“Estou muito sereno, tranquilo e feliz por ir para os Açores” enfatizou, ainda, lembrando que o seu grande desafio é “conhecer”, isto é, “conhecer a realidade e dar-me a conhecer. Só quem conhece deseja caminhar em conjunto”, refere ainda.
Ciente da geografia e dos obstáculos que ela pode criar, o novo bispo nomeado para Angra, não abdica da proximidade.
“Eu gosto da proximidade, de estar próximo das pessoas e essa é a minha prioridade, não porque as vá tornar melhores, mas para viver as coisas com as pessoas” justifica ao deixar uma saudação a todos quantos compõem a diocese de sacerdotes a leigos, religiosos, instituições de solidariedade e todos “aqueles que através da sementeira do amor evangélico fazem crescer a Igreja”.
“Não irei dar soluções mágicas nem serei o salvador- o único é Jesus Cristo-, mas precisamos de olhar para tudo isto- problemas e desafios- como uma oportunidade para regressarmos ao essencial do Cristianismo”, referiu ainda.
“Ver e escutar é muito importante”; “a Igreja existe para a humanidade por isso esta proposta de caminharmos juntos- o sínodo é uma palavra de milénio-, de escutarmos respeitosamente todas as pessoas, procurando entender-nos nas nossas diferenças, será muito importante”, afirmou ainda.
“Conhecermo-nos não é coisa de um minuto ou dois, será tempo longo: é estar, ouvir, escutar, compreender e encontrar… provavelmente, um ou outro gostaria de grandes mudanças imediatamente, mas ninguém, em bom rigor, pode fazer isso. Quem chega tem que ouvir respeitosamente e a partir da escuta, propor aquilo que é um sinal do Espírito Santo”.
“Desistir não é caminho: Jesus deu a vida por toda a humanidade e não foi apenas por aqueles que são bonzinhos e cumpridores, e nós temos que ter o coração grande onde todos caibam” disse ainda.
“Posso rezar por muitas coisas, pela paz, pela justiça, pela distribuição justa dos bens, mas se eu não tiver essa capacidade de me abrir ao irmão e com ele construir tudo isto, de pouco servirá. Se eu não conseguir preferir o mais frágil e correr para ele, tudo se esvaziará”.
O prelado, que tem uma especial formação na área social, fala ainda do “rosto da Igreja” que “tem de ser diferente”, do “potencial evangelizador” da religiosidade popular e do diálogo entre a Igreja e o mundo.
A entrevista do novo bispo de Angra, nomeado esta sexta-feira pelo Papa Francisco, vai para o ar este domingo, depois do meio-dia no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.