João Carlos leite deixa ainda um conselho: “é preciso evitar abusos”
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No sábado dia 8 de março sairão para a estrada os primeiros ranchos de romeiros de São Miguel, marcando desta forma o início das romarias quaresmais, um dos ex líbris da piedade popular micaelense, que agora se estende também a outras ilhas.
“Pretendemos que estas nossas Romarias sejam, efetivamente, um despertar para nos envolvermos mais na nossa vida quotidiana, particularmente nas nossas famílias, nas nossas comunidades, numa maior intervenção social e cultural nas nossas comunidades” disse ao Sítio Igreja Açores João Carlos Leite.
A manifestação, que já tem mais de 500 anos, não tem sofrido grandes alterações a não ser a nível logístico pois há zonas da ilha que devido à sua reduzida capacidade de resposta no número de famílias de acolhimento, as pernoitas são feitas em pavilhões ou centros sociais e paroquiais.
“No fundo, é uma manifestação que vem decorrendo de ano para ano com poucas variações, digamos assim” reconhece o presidente do Grupo Coordenador dos Romeiros de São Miguel que este ano está particularmente atento às questões das redes sociais.
“O que nós apelamos todos os anos, e este ano com maior incidência também, é que todos os ranchos observem a maior disciplina possível, para poderem concentrar-se na oração e nas reflexões que vão fazendo, e também como respeito ao outro, no respeito pela natureza” adianta .
“Este ano, especialmente, fruto de algum exagero que aconteceu, particularmente no ano passado, em relação ao uso abusivo do telemóvel, de captar imagens e gravações dos ranchos em oração e em caminhada, pedimos maior contenção” justifica lembrando que “a maioria dos romeiros não gosta nem aceita, até porque perturba quem está a fazer a caminhada, tanta exposição”.
“Este mesmo apelo que fazemos aos irmãos fazemos também a quem está de fora” esclarece ainda, insistindo que este é um “tempo de retiro”.
“As Romarias são sempre um enorme tempo, são oito dias consecutivos, ininterruptamente, em que estamos em retiro, mas também em caminhada espiritual, incluindo no recolhimento nas famílias ou nos salões, nas pernoitas, nós procuramos que o nosso comportamento, a nossa conduta, se coadune com a nossa experiência de peregrinos durante os dias todos”, diz ainda.
Entre as intenções que os romeiros levam para estes dias está a oração pelo papa e este ano, particularmente pelo restabelecimento das suas melhoras. O Grupo Coordenador, que em dezembro de 2014 foi recebido pelo Papa a quem entregou um ramalhete espiritual com milhares de orações em sua intenção, pondera mesmo a possibilidade de contabilizar as orações feitas em intenção do Santo Padre.
“O Papa Francisco, até pela sua dimensão social e o envolvimento que ele tem particularmente com os mais desprotegidos, com os pobres e com os migrantes, é-nos muito caro” disse ainda João Carlos Leite.
A entrevista pode ser ouvida no programa de rádio Igreja Açores que vai para o ar este domingo de Carnaval, depois do meios dia na Antena 1 Açores e no rádio Clube de Angra.