Presidente da União Regional das Misericórdias espera acordo com Governo Regional para mitigar os efeitos do aumento da inflação

Congresso Insular das misericórdias arrancou hoje na Horta

O presidente da União regional das Misericórdias dos Açores espera que o Governo Regional possa proceder a um acordo que ajude as misericórdias açorianas a enfrentar a atual crise provocada pelo aumento da inflação, em declarações ao programa de rádio Igreja Açores.

Bento Barcelos lembra que há impactos sociais e financeiros que se iniciaram com a pandemia, e que se acentuam agora com a variação da inflação, aumentando os vários preços dos produtos.

Esta sexta-feira iniciou-se o Congresso Insular das Misericórdias, que junta as 23 misericórdias açorianas e madeirenses, bem como dirigentes nacionais e regionais do país, no Faial, e Bento Barcelos, em declarações ao programa de rádio Igreja Açores que vai para o ar este domingo na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra, que as misericórdias “não são despesistas, são poupadas” e até agora “ainda não suspenderam quaisquer serviços da infância à terceira idade”, apesar das dificuldades. Por isso, prossegue “tal como aconteceu no passado no continente esperamos agora que o Governo Regional também inicie um processo negocial connosco” de forma “a podermos ultrapassar as dificuldades sem reduzir os serviços que prestamos”. Esta é, de resto, a principal preocupação do provedor da Santa Casa da Misericórdia de Angra: “ apesar da pandemia e das dificuldades nunca deixamos de prestar a assistência”.

“Não existe nenhuma retração quanto à missão social e ao cumprimento da nossa missão” esclareceu.

“Sempre soubemos ultrapassar dificuldades” e agora “temos de olhar com esperança para o futuro”. E a receita passa pela “solidariedade e cooperação entre instituições, tentando sempre cuidar dos mais vulneráveis desde a idade da infância aos mais idosos”.

Esta preocupação foi, de resto, manifestada pelo Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Horta, que celebra 500 anos e é o anfitrião do Congresso: “com o aumento da inflação, ser-nos-á muito difícil continuar a prestar um serviço de excelência aos nossos utentes”.

Na sessão de abertura do Congresso insular, o Governo dos Açores aproveitou para anunciar um “combustível social” para compensar o aumento dos custos que as instituições particulares de solidariedade social (IPSS) e as misericórdias têm sentido, nesta crise inflacionista.

“Tínhamos um combustível para a agricultura, tínhamos um combustível para as pescas, porque não ensaiar um combustível social”, explicou Artur Lima, vice-presidente do Governo, na sessão de abertura do XV Congresso Insular de Misericórdias dos Açores e da Madeira.

Segundo o governante, o executivo de coligação (PSD, CDS-PP e PPM) vai destinar uma verba de 300 mil euros, para apoio o aumento do custo do combustível, para as misericórdias e IPSS’s dos Açores, além de pretender também entregar viaturas elétricas e algumas instituições da região, para que fiquem menos dependentes das energias fósseis.

Artur Lima garantiu também que o executivo açoriano vai reforçar, no próximo ano, os apoios às instituições de cariz social da região, através de uma “atualização” do valor padrão das respostas sociais, sem referir, no entanto, qual o montante ou percentagem de apoio a aumentar.

“O Plano e Orçamento para 2023, em linha com a nossa matriz humanista, atenderá às dificuldades sentidas pelas famílias e irá satisfazer a necessidade de reforço de financiamento às IPSS e misericórdias dos Açores, para que possam fazer face ao aumento extraordinário de despesas”, garantiu o vice-presidente, adiantando que o Governo irá proceder também “à revisão do acordo base”, para a atualização “do valor padrão das respostas sociais”.

O governante recordou que o executivo regional tem vindo a reforçar os apoios às instituições sociais na região, dando como exemplo mais de 1,1 milhões de euros de apoios para o pagamento de despesas decorrentes da pandemia da covid-19, ou a candidatura a fundos comunitários, superior a 30 milhões de euros, destinada à requalificação de infraestruturas.

Artur Lima respondia assim ao repto lançado por Manuel Lemos, presidente da União da Misericórdias Portuguesas, também presente no congresso insular, que alertou para os sucessivos aumentos de despesas que as IPSS e misericórdias têm registado, neste período de crise inflacionista.

“É o aumento do salário mínimo, justíssimo, é o aumento dos combustíveis, é o aumento dos bens alimentares, é o aumento da eletricidade e é o aumento do gás! E tudo isso veio colocar a inflação em 9,3%”, recordou Manuel Lemos, advertindo que o Estado não tem ideia do custo de um idoso ou de um deficiente, entregue a uma instituição social.

Até domingo, as misericórdias dos Açores, da Madeira e também do continente português vão discutir problemas comuns, centrados, nesta altura, na sustentabilidade financeira do setor. O Administrador Diocesano é um dos participantes neste Congresso.

 

 

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