O presidente da República recebeu esta segunda-feira líderes de confissões religiosas presentes em Portugal, no âmbito do debate sobre projetos de lei que visam a despenalização da eutanásia.Os representantes do GTIR – Grupo de Trabalho Inter-Religioso | Religiões-Saúde, signatários da declaração conjunta ‘Cuidar até ao fim com compaixão’, manifestaram a Marcelo Rebelo de Sousa as suas “preocupações” sobre estes projetos legislativos, reafirmando a oposição a qualquer legalização da morte a pedido.
À saída do encontro, o padre Fernando Sampaio, coordenador nacional das capelanias hospitalares, indicou que o objetivo foi levar ao chefe de Estado as preocupações das confissões religiosas e dar-lhe conta da declaração conjunta sobre “a importância da vida humana, da sua inviolabilidade”, cuidando das pessoas, “no seu sofrimento, até ao fim”.
“O fundamento dos quadros legislativos é a vida, o homem vivo, e não a morte”, acrescentou.
Jorge Humberto, representante da Aliança Evangélica, sublinhou por sua vez que as preocupações dos representantes religiosos são “legítimas”, tendo em vista a defesa da “dignidade humana”.
“Essa dignidade passa, no nosso entender, não por uma lei que despenalize a eutanásia, mas sim por uma lei que amplie os cuidados paliativos em Portugal que, como sabemos, são manifestamente insuficientes para a realidade”, afirmou o pastor, em declarações aos jornalistas.
Estiveram presentes representantes da Aliança Evangélica Portuguesa, da Comunidade Hindu Portuguesa, da Comunidade Islâmica de Lisboa, da Comunidade Israelita de Lisboa, da Igreja Católica, da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, da União Budista Portuguesa e da União Portuguesa dos Adventistas do Sétimo Dia.
No último dia 12, os representantes destas confissões religiosas apresentaram uma posição conjunta contra a despenalização da eutanásia.
“A possibilidade legal da morte assistida por eutanásia ou suicídio assistido equivale a empurrar para a opção pela morte”, assinala o comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
Segundo os signatários, a legalização da eutanásia “constituiria um tremendo e grave ato de demissão coletiva” perante quem sofre.
O GTIR tinha publicado, em 2018, a Declaração conjunta “Cuidar até ao fim com compaixão”, cujo conteúdo foi reiterado publicamente na conferência de imprensa realizada a 12 de fevereiro, na casa da Ordem de São João de Deus em Lisboa, tendo-se juntado aos oito signatários a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Esta terça-feira, os representantes das comunidades religiosas são recebidos no Parlamento, na Presidência da Assembleia da República.
(Com Ecclesia)