Presidente da Cáritas dos Açores prevê dificuldades nos próximos anos

Anabela Borba, reconduzida na direção da organização católica na passada quinta-feira, pede aposta em programas de desenvolvimento pessoal e profissional e uma economia forte no arquipélago

A presidente da Cáritas Diocesana dos Açores, Anabela Borba, afirmou ao programa de rádio Igreja Açores que os próximos anos no arquipélago podem ser difíceis por causa da pandemia.

“Há uma pobreza estrutural em São Miguel que já conhecíamos mas agora ela pode estender-se a outras ilhas” refere numa entrevista que vai para o ar este domingo no programa Igreja Açores que será transmitido na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra depois do meio dia.

A responsável mostra-se particularmente preocupada com a situação das empresas ligadas ao setor do turismo e restauração que vão perder postos de trabalho.

“Enquanto não tivermos um tecido empresarial forte, o querer não é poder, isto é, há que fomentar a empregabilidade- no passado recente tivemos programas de apoio ao emprego muito fortes- mas tendo em conta que é necessário tecido empresarial que o absorva. Se pensarmos só em criar emprego público ou emprego nas instituições estamos a falar numa região que será sempre subsidio-dependente que é o que todos desejamos não ter”, refere.

Relativamente aos cortes nos apoios sociais, decorrentes de uma maior fiscalização, como já foi anunciado pelo executivo, Anabela Borba lembra que a situação de muitas famílias é absolutamente precária.

“Julgo que temos de encontrar outras formas de promover a inclusão dessas pessoas no mundo do emprego”, conclui.

A dirigente lembra ainda a necessidade que há numa aposta na educação.

“Muitas pessoas não trabalham porque não têm esse hábito. Não foram educadas nesse sentido. Por isso, o grande desafio é educá-las  e responsabilizá-las. Nós temos tidos imensos projectos na Cáritas onde isso tem sido possível. Porque é que não há de ser possível de uma forma mais abrangente e transversal?” questiona em jeito de interpelação.

“O que é preciso é ser próximo, sem ser impositivo, entender o mais frágil como parceiro na descoberta dos problemas e das soluções”.

A presidente da Cáritas Diocesana dos Açores fala ainda do impacto da pandemia nos mais velhos, “que estão sós, em instituições sociais com muitas dificuldades para cuidar”.

“Esta pandemia vem mostrar, de facto, como é que estas pessoas sofrem, e agora sofrem mais ainda porque têm de estar isoladas das suas famílias”, alerta.

A entrevista de Anabela Borba vai para o ar este domingo depois do meio dia. E pode ser ouvida aqui, onde há também um resumo mais alargado.

 

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