Responsável explica campanha «10 milhões de estrelas», da organização católica
O presidente da Cáritas Portuguesa disse que a solidariedade que contagia muitos cidadãos no tempo do Natal deve ter presente a “dignidade e o respeito pela privacidade das pessoas”.
“É preciso dar sentido ao Natal”, apela Eugénio Fonseca, numa entrevista à Agência ECCLESIA em que alerta para as iniciativas que nãos e enquadram no “sentido próprio do Natal” e até “o contrariam”.
Para o responsável não se devem transformar os “pobres em ricos” apenas no Natal, com o “frigorífico cheio” que durante o ano “se vai esvaziando até não ter nada”, porque as pessoas “não têm necessidades” só nesta quadra.
Nesse sentido, e a nível paroquial é aconselhado que quem promove campanhas específicas neste tempo não pense na “lógica daquilo que parece ser bem” mas que “pode não ser o necessário” e procurem informar-se com o grupo que “conhece a realidade social da paróquia”.
“O Natal é para todos, tem de tocar o coração e não pode ser um anestesiante para a minha consciência. Devíamos reduzir o muito de consumo que contraria os valores desta época e traduzir em favor daqueles que não podem comprar bens essenciais”, desenvolve Eugénio Fonseca.
O presidente da Cáritas Portuguesa explicou a campanha «10 milhões de estrelas», que se repete neste Natal, em todo o país.
“Não é o preço que valorizamos, o valor desta vela é o que queremos que as pessoas percebam. Esta vela tem um preço elevado mas tem um valor inestimável”, disse
O responsável explicou que com esta ação, promovida há 12 anos, se pretende que as famílias digam aos seus vizinhos na noite de Natal, “a quem passar na rua”, que têm “preocupações com a solidariedade, com a justiça” porque só desta forma “pode haver harmonia”.
Para participar é necessário adquirir uma vela, por um euro, ou um pack de quatro velas, por quatro euros, que inclui um presépio para colorir.
“65% são as dioceses que administram em projetos sociais embora o enfoque esteja na pobreza infantil que é das famílias onde estão integradas. Os outros 35% vão para ajudar as crianças que estão em campos de refugiados no Médio Oriente, nos diferentes conflitos que existem”, explica o presidente da Cáritas Portuguesa.
Eugénio Fonseca destaca que são formas de “pobreza diferente” e apela à aquisição das velas da campanha «10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz», ou outras, para que se acendam à janela de casa a partir das 20h00 do dia 24 de dezembro.
“Depois um gesto de solidariedade porque há muita pobreza encoberta que vive ao nosso lado”, observou.
A solidariedade no tempo que antecede o Natal ganha mais expressividade entre os portugueses, “uma intensificação muito forte de gestos e iniciativas”, mas que depois “diminui muito”.
As pessoas que têm estes gestos de caridade têm de ter a “convicção muito esclarecida” de que não é em favor da sua imagem, do seu protagonismo empresarial, de “ficar bem com a sua consciência” mas o protagonista é o outro, “aquele para quem o Natal aconteceu”.
CR/Ecclesia