Responsáveis fazem balanço positivo do Conselho Presbiteral
Três dias depois de debate intenso a partir de um instrumento de trabalho que analisou a realidade concreta da região, o conselho presbiteral elegeu como prioridade de ação a pastoral social o que constitui “a melhor resposta sobre aquele que deve ser o papel da igreja no mundo”.
É esta, em síntese, a opinião generalizada dos conselheiros ouvidos pelo Sítio Igreja Açores, entre ouvidores e diretores diocesanos, a começar pelos dois prelados.
D. António de Sousa Braga que presidiu pela última vez aos trabalhos como Bispo de Angra, fez um balanço positivo desta 41ª sessão plenária e sobretudo das prioridades que ali foram elencadas.
“A prioridade da pastoral social, atendendo à situação particular de dificuldades que vivemos hoje, e o facto da igreja estar neste mundo não só com preocupações espirituais ou assistenciais mas de promoção da pessoa, é fundamental”, refere o prelado que já há alguns anos elegeu a ação social como uma das prioridades do ano pastoral desafiando, então, todas as paróquias a organizarem movimentos e respostas para os problemas sociais existentes.
“Os cristãos têm especiais responsabilidades numa presença junto das pessoas; assisti-las e promovê-las é o papel da igreja” refere o bispo de Angra sublinhando também a valorização da religiosidade popular como uma ação prioritária da igreja diocesana.
“Temos aqui nos Açores uma programação natural, como é o caso do Espirito Santo, mas que precisa de uma atenção da igreja não no sentido de abençoar tudo mas de garantir que as raízes cristãs continuam nessas manifestações”.
Também o bispo coadjutor, que participou pela primeira vez nesta reunião destacou as temáticas abordadas e, sobretudo “a “abertura e liberdade com que foram debatidas” o que “me deu uma imagem muito concreta daqueles que são os sonhos e as realidades de cada uma das ilhas através dos seus presbíteros”.
“Vivemos um ano marcado pelo espírito da misericórdia, que carimba toda a pastoral da igreja e encontrar a forma de a por em prática é um desafio a que procuramos corresponder”, disse D. João Lavrador.
O Diretor do Serviço Diocesano da Pastoral Social ficou “naturalmente” satisfeito pela eleição desta prioridade que vem “ reforçar o sentido de um olhar teologal sobre a realidade diocesana e ao mesmo tempo arranjar redes de parceria de acordo com uma estratégia própria para quebrar um ciclo de pastoral assistencialista”.
“A Doutrina Social da Igreja assenta e valoriza os princípios da solidariedade e da subsidiariedade pelo que nós, no terreno, também devemos ter uma ação concreta assente numa estratégia que nos permita uma afirmação mais assertiva” refere o Pe Duarte Melo, lembrando que, por vezes , a Igreja cede à tentação do assistencialismo” mas que “uma vez desenhada esta orientação diocesana teremos todas as condições para fazer um bom trabalho” na luta contra as dependências, a exclusão social, a pobreza infantil ou a doença.
Em representação da Comissão Diocesana da Saúde, o Pe Hélder Cosme, recorda que esta priorização do conselho presbiteral vem também ao encontro da pastoral da saúde.
“Nós contactamos com os que sofrem, os que têm dificuldades e portanto temos muito para fazer em conjunto para dar uma resposta, em igreja, aos problemas que afetam os nossos concidadãos”.
Igual opinião tem o ouvidor de Ponta Delgada, que é também o responsável diocesano pela família.
Não tendo sido um tema explicitamente aflorado no conselho esteve “no centro” pois hoje muitos dos problemas da família “centram-se na sua exclusão”.
“Quando se fala em pobreza infantil e juvenil está necessariamente a falar-se da família pois as crianças e os iodosos acabam por ser os grupos mais penalizados” adianta o Cónego José Medeiros Constância.
“Elegendo a pastoral social significa que vamos olhar para a família…e são elas(famílias) que vão tomar o seu próprio protagonismo e que vão estar no centro, e isso dará, porventura, aso a que se resolvam algumas problemáticas espirituais que a família também enfrenta”.
O sacerdote sublinhou o momento “como de grande comunhão e partilha” onde “se agradeceu e deu as boas vindas” aos prelados e no final se “reafirmou a presença da igreja no mundo através de ação social, dando continuidade aquelas que têm sido as prioridades da diocese de não se fechar e, pelo contrário, se abrir à realidade concreta das pessoas, procurando ir ao encontro dos que mais sofrem”.
Também o ouvidor da Terceira lembrou o passado recente, em que foi lançado o desafio para uma melhor e mais concertada pastoral social e deixou claro que, na sua ouvidoria, isso vai traduzir-se numa ação concreta: melhorar e incrementar a ação e organização dos movimentos ligados à pastoral social, nomeadamente a Cáritas e as Conferências Vicentinas.
“Esperamos que seja desta vez que se crie um novo entusiasmo para que isso aconteça”, disse o Cónego António Henrique Pereira.
O pe Luís Silva, em representação da ouvidoria de São Jorge, destacou o debate aberto que “permitiu ao novo prelado um conhecimento da realidade de cada ouvidoria” e o ouvidor do Pico frisou a necessidade de envolver e dinamizar a pastoral social na ilha montanha.
“Dentro daquilo que foram as expetativas o conselho fez ressonância das preocupações e da análise da ouvidoria da Horta” referiu, por seu lado, o ouvidor Pe Marco Luciano.
“Com certeza tiramos pistas para a nossa ação, cientes de que é preciso apostar na formação dos nossos agentes pastorais”.
Em representação da ouvidoria da Ribeira Grande, uma das mais problemáticas de toda a diocese em matéria de problemática social, o pe Vitor Medeiros coloca o enfoque nos movimentos e na sua ação concertada de modo a que “a resposta da igreja seja efetiva, assertiva e determinante na promoção dos valores e das pessoas”.
Apesar da reunião plenária já ter terminado, o conselho só termina amanhã com a realização da reunião de ouvidores com os dois prelados. Esta tarde foi a vez dos representantes dos 12 serviços e quatro comissões diocesanas se reunirem com D. António de Sousa Braga e D. João Lavrador.
(Com Nuno Pacheco de Sousa)