“Precisamos batizar o mundo não com água benta mas trazendo de novo Deus para o mundo”- D. António Couto, bispo de Lamego

Prelado foi o orador convidado das XIII Jornadas Bíblicas dos Açores, que se realizaram presencialmente no Seminário de Angra, com transmissão online para a Diocese

Foto: Igreja Açores/RH

O bispo de Lamego afirmou esta noite, em declarações ao Sítio Igreja Açores, no âmbito das XIII Jornadas Bíblicas dos Açores, que se realizaram ontem e hoje no Seminário Episcopal de Angra, que a Igreja precisa de retomar a linguagem da esperança que vem de Deus, levando de novo Deus para o mundo.

“Precisamos de retomar o vocabulário que infelizmente perdemos. Detemo-nos em questões morais, sociais, questões que dizem respeito à vida normal das pessoal, ao trabalho, à sua realização pessoal e profissional mas não lhes damos horizonte” afirmou D. António Couto.

“Precisamos de voltar a falar de Deus, de vida divina e de vida eterna” para que a nossa esperança seja realmente “a esperança que vem de Deus”.

“Começamos a usar o vocabulário dos jornais, da comunicação social e perdemos o nosso próprio vocabulário, ou porque achamos que o povo não entende ou porque nos quisemos aproximar do mundo mas vivemos cada vez mais à margem dele”, frisou o prelado que está na Terceira pela segunda vez este ano, depois de ter orientado o segundo turno do retiro do Clero Diocesano no final do mês de janeiro.

“Nós estamos a viver à margem do mundo pretensamente para nos aproximarmos do mundo. Por isso, o que acho que seria interessante seria batizarmos o mundo de novo, não com água benta, mas levando Deus ao mundo”, disse.

“Nós praticamente não falamos de Deus, o nosso Deus que não é algo etério ou abstracto. Às vezes parece que já não sabemos falar de um Deus que está connosco, que é connosco e que vive connosco”, acrescenta ainda o prelado.

“Se não o fizermos, se não voltarmos a falar de Deus e a utilizar o vocabulário de Deus não conseguiremos ultrapassar a esperança pagã que acredita que tudo acaba com a morte, que se fica pela nossa finitude biológica”.

“Por vezes esquecemo-nos de que o povo de Deus tem a inteligência do Espírito Santo”, salienta.

“Esta esperança que vem do alto vai muito para além do espelho embaciado que vemos a partir das nossas circunstâncias, das nossas agendas”,  acrescenta ainda reconhecendo que todos “queremos a felicidade nesta medida de tempo que nos é dada a viver” mas “tem que haver outro horizonte”

“Todos nós, nesta medida de tempo terreno que nos é dado a viver queremos viver bem, todos lutamos por isso e não tem mal nenhum e até seria bom que ajudássemos  os outros nessa luta,  mas o sentido da vida, aquele que vem de Deus é outra coisa”, conclui.

Esta quinta-feira no primeiro dia das Jornadas Bíblicas o prelado já tinha desenvolvido a ideia de que a esperança vem do alto e por isso não germina como a natureza.

No primeiro dia a reflexão foi sobre o “Germinar da Esperança”, tendo por base o Antigo Testamento; no segundo dia, e já tendo por base o Novo Testamento, o prelado tevecomo ponto de partida, Romanos 12, 12- “Alegres na Esperança”-.

A questão subjacente a estas jornadas é, de resto, a mesma que tem orientado quase todas as reflexões feitas sobre a esperança neste ano jubilar.

“O que nos ensinou Cristo sobre a esperança?” interpelam os organizadores, o Serviço Diocesano da Palavra e Apostolado Bíblico e o Serviço de Coordenação da Formação Diocesana.

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