Por Renato Moura
A Covid19 está obrigando à tomada de medidas mais duras, para conter a doença ou para contornar os seus diversos efeitos.
Indiscutível que se tomem em conta as medidas aconselhadas e determinadas pelas autoridades de saúde. Recomendável que estejamos precavidos sobre tudo o que nos impingem em sites e redes sociais, seja por contraproducente, errado ou fonte de pânico infundado.
Surgem inúmeras intervenções de controlo estatal: nas liberdades, na economia. A crise exige que o poder público acuda, mas impõe que seja criterioso, no que concerne ao âmbito e ao tempo de vigência; pois que não é dono da vida, nem da economia.
Terão importância as medidas de natureza económica, se estudadas na aplicação a cada caso. Pondere-se que linhas de crédito não são subsídios a fundo perdido. Atente-se que deferimento no pagamento de impostos não é perdão fiscal. Não se esqueça que moratória no pagamento das prestações bancárias ou nas rendas, não evita ter de as pagar mais adiante. Tenha-se presente, por exemplo, que o pagamento das compras com cartões de crédito em prestações, depois de acumuladas levaram a muitas falências!
Estará a procurar-se a contenção da doença e diz-se que a saúde da economia. Protegem-se pessoas confinando-as e fechando muitas actividades; e também a saúde de trabalhadores. Mas não se podem esbater os inevitáveis danos económicos. O desafio é muito complexo, pois que implica a busca de equilíbrios. Não se pode defender o emprego e os trabalhadores sem proteger as empresas. Abraham Lincoln ensinou: “Não ajudarás o trabalhador, se arruinares aquele que lhe paga”.
Há que compatibilizar os apoios presentes com as suas implicações futuras. Há que ter muito discernimento no quanto se propõe e como que se oferece; precaução no que se aceita e se terá de pagar.
Aplaudam-se todos aqueles que escrevem, trabalham e lutam para que não se perca a esperança, pois que o mundo não vai parar e se ficar diferente há que ultrapassar, reorientar, converter. Praticar a solidariedade e lutar por ela na Europa, pois desta crise não somos os culpados.
Retenhamos da americana Rosabeth M. Kanter, socióloga e professora de gestão: “A confiança não é optimismo ou pessimismo, e não é um atributo do carácter. É expectativa de um resultado positivo”.
José Luís Nunes Martins, filósofo e escritor, instruiu: “Só quem confia se dá, dando tudo, porque a sua esperança é maior que os seus medos. Só quem acredita constrói o amanhã como um tempo melhor. Fazendo do seu presente um presente na vida dos outros”.