Pelo Pe João Bettencourt das Neves *
A partir da minha Ordenação, que aconteceu em 1989, durante quatro anos, fui Secretário Particular de D. Aurélio Granada Escudeiro, com o qual privei mais de perto e também observei que além de ser metódico e trabalhador era exigente consigo e com os outros, por isso já havia no clero e nas pessoas um desejo que fosse substituído, o que aconteceu em 30 de junho de 1996, quando foi Ordenado Bispo o Sr. D. António Sousa Braga, que havia sido eleito em 9 de Abril desse ano.
Desde o dia da sua Ordenação Episcopal, o Sr. D. António marcou a diferença: era mais próximo das pessoas, saia à rua para resolver os seus problemas pessoais, convivia com os fiéis duma forma mais aberta, quer quando ia ás celebrações de Crismas, quer nas festas dos Santuários Diocesanos do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em S. Miguel ou do Senhor Bom Jesus Milagroso, no Pico, como nas festas de Padroeiros das Paróquias, onde participou em muitas dessas festividades, um pouco por todas as ilhas, e em muitos outros encontros e reuniões e também junto das comunidades dos nossos emigrantes, era e é um Bispo próximo do seu povo.
Após o sismo de 1998, que atingiu as Ilhas do Pico e do Faial, onde me encontrava, o Sr. D. António fez todos os esforços para que se procedesse à reconstrução das igrejas e à recomposição da vida das pessoas, processo que se tem vindo a arrastar no tempo e que ainda está por concluir, devido à morosidade dos mesmos, que ultrapassa os propósitos da Diocese.
O Sr. D. António escutava muito os Padres e as pessoas. Comigo ele foi sempre muito correcto, transferiu-me de Paróquias onde eu gostava de estar, mas, tinha argumentos plausíveis para a mudança, que aceitei; também me mudou de Paróquias onde estive só um ano, por motivos pessoais, que ele atendeu, pensou nos meus pais, já com idade avançada e por isso colocou-me no Pico, para estar mais próximo deles.
Senti sempre o apoio do Sr. D. António, tanto pessoalmente como pastoralmente, nestes quase vinte anos como Bispo de Angra, reconhecendo a sua preocupação por servir a Igreja e apoiar os mais variados movimentos eclesiais, tendo sempre a devida atenção à religiosidade popular que é um dos sectores que envolve a maioria dos fiéis dos Açores. Acho que a posição e a maneira de trabalhar do seu sucessor, D. João Lavrador vai ser diferente, embora na continuidade.
*Director do Jornal “O Dever”