Por Renato Moura
Recolhi a frase do título duma declaração do Cardeal D. Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília, na sua qualidade de presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), instituição que vai promover o “Debate Aparecida”, com os candidatos à Presidência da República Brasileira.
Fundamentam a iniciativa, pois que “É preciso saber como os candidatos pretendem responder concretamente aos problemas sofridos pela população, pois não bastam promessas ou discursos genéricos. É preciso considerar a actuação política de cada um”.
O presidente da CNBB considera que “O eleitor deve ser o primeiro a valorizar o seu papel e o seu voto”, que os debates “contribuem para o exercício responsável do voto” e para “construir uma sociedade democrática”. E instrói: “As acções políticas e propostas devem marcar os debates e não os ataques pessoais entre candidatos. O diálogo e o respeito ao outro que pensa diferente são muito necessários, neste período eleitoral, da parte dos candidatos e também dos eleitores”.
Tendo em conta os problemas que têm afectado a política no Brasil, esta óptima iniciativa da Igreja brasileira, é não só absolutamente oportuna, como também corajosa. Significa que a Igreja não se intimida com os riscos, avança para obrigar os candidatos a se definirem, demonstrando a firme intenção de os eleitores discernirem com clareza e votarem em consciência. É motivo de congratulação dos cristãos.
Não se pense, todavia, que a iniciativa só se justifica no Brasil. Deveria ser tomada como um bom exemplo a seguir pela Igreja em todo o mundo, em cumprimento do dever de instruir os cristãos, de molde a terem um papel activo e responsável na vida política. Em Portugal, a avaliar pelo que se tem passado nas campanhas eleitorais, principalmente nos últimos anos, seria absolutamente justificável. A Igreja não pode ter medo, ou sequer escusar-se, a intervir na defesa da verdade, não só na política, como em tudo. O Papa Francisco tem dado o exemplo.
Acolhi esta iniciativa da CNBB com aplauso e alegria, pois, quem tem tido a paciência de me ler aqui, sabe o que penso e tenho compartilhado sobre política. Só por exemplo, ainda recentemente, em Março, defendi a exigência dos eleitores para com os políticos, alertei para o risco da ditadura em política e relevei a relação indubitável entre ética e política.
A Igreja é, por natureza, universal. Nesta era da evolução tecnológica a comunicação percorre todo o mundo. Esta atitude da Igreja aproveitará aos brasileiros. A ideia inspirará todos.