As plataformas ‘Stop Eutanásia’ e ‘Pensar e Debater’ promoveram em Lisboa uma sessão para apresentar o manifesto “Humanizar Portugal”, no qual defendem que “os cuidados paliativos são a resposta ao sofrimento”.
O texto, divulgado esta terça-feira, classifica como “obsessiva e absurda” a intenção de legalizar a eutanásia e o suicídio assistido numa época em que a medicina oferece “alternativas” às pessoas.
Graça Varão, da plataforma ‘Pensar e Debater’ considera “gravíssima” a hipótese de legalização da eutanásia.
“Queremos chamar a população, chamar a sociedade civil para a sensibilizar para esta necessidade de humanizarmos Portugal, de humanizarmos os nossos serviços de saúde, as nossas famílias, as empresas e hospitais”, refere à Agência ECCLESIA.
Miguel Gómez, da associação ‘Profesionales por la Ética’, uniu-se a esta sessão, considerando que a prioridade passa por “gerar um debate social, para que a lei não se aprove no Parlamento por simples matemática e para que a população esteja consciente das mudanças que esta lei vai significar na forma como nos relacionamos”.
No dia em que Espanha aprovava a proposta do Partido Socialista de levar a debate o tema da eutanásia, Miguel Gómez dava conta da total ausência de debate social em torno desta questão.
“Porque não estamos perante uma questão partidária de direita, esquerda ou liberal, é uma questão de humanidade e de entender qual é a melhor forma de abordar o sofrimento, a dor, pelo qual todos os cidadãos passam de uma forma ou de outra”, indica.
O cirurgião Gentil Martins, que esteve presente no lançamento da iniciativa, denunciou o que considera como uma “manipulação das palavras” por parte de quem pretende a legalização da eutanásia.
“Isto é um erro tremendo que estão a fazer, manipulando as palavras. Quando se diz morrer com dignidade, então se eu morrer naturalmente não é digno? Eu tenho que ser morto para morrer com dignidade? Usam as palavras com sentido deturpado para que a resposta seja a que pretendem. Isto é perfeitamente miserável e desonesto na minha opinião”, afirmam.
Os promotores do Manifesto convidaram também aqueles que vivem a realidade do sofrimento no seu dia a dia.
Fernando Azevedo, que vive dependente de uma cadeira de rodas e incapacitado por uma Esclerose Lateral Amiotrófica, recordou os dias em que a incapacidade se conjugou com as dificuldades económicas.
“Os políticos que se preocupam com a eutanásia e em dar às pessoas uma morte digna, por que não permitem antes que elas tenham uma vida digna? A morte é certa e se tivermos uma vida digna, a morte será digna também”, indicou.
Conceição Lourenço fundou a Associação Filhos sem Voz para dar relevo à condição de vida de quem tem de cuidar de um filho com deficiência profunda e não o consegue conciliar com um emprego.
A entrevistada considera que o Estado “tem muito caminho para fazer”, antes de se preocupar com propostas como a legalização da eutanásia.
O manifesto ‘Humanizar Portugal’ é acompanhado de um guião que, segundo os promotores, pretende ajudar a construir um Portugal mais solidário, sintetizando em dez pontos as práticas e atitudes alternativas à eutanásia.
(Com Ecclesia)