Projeto de luta contra a pobreza desenvolve-se na paróquia de São José, em Ponta Delgada
Mais de uma dezena de pessoas apoiadas pelo projeto São Lucas, que dá resposta a situações de pobreza na freguesia de São José, em Ponta Delgada, conseguiram autonomizar-se, revelou hoje a psicóloga do centro paroquial.
“A situação tem estado mais estável e temos vindo a notar que, através do projeto, muitas famílias têm conseguido autonomizar-se. Felizmente, temos tido muitos casos de sucesso”, afirmou a psicóloga Vitória Furtado, coordenadora do Centro Paroquial de Bem Estar Social de São José, em declarações à Lusa, acrescentando que “12 pessoas conseguiram arranjar trabalho, uma criou o seu próprio negócio, um gabinete de estética, e outras reorganizaram-se” financeiramente.
O Plano São Lucas – plano integrado de resposta à pobreza de São José, na ilha de São Miguel, nasceu em outubro de 2011 com o propósito de “melhorar a qualidade de vida das famílias em situação de desvantagem económica e social”, tendo a psicóloga salientado que a crise também afetou “famílias de classe média alta”, pois “bastou um dos elementos do agregado perder o emprego para que as contas ficassem desestabilizadas” e fosse necessário acionar um apoio.
O projeto começou por apoiar 50 famílias e em fevereiro deste ano está a ajudar 42, intervindo em várias frentes, nomeadamente ao nível afetivo e social, mas também disponibilizando alimentos (através da distribuição mensal de cabazes) e vestuário.
“Não encaramos a família só como precisando de bens, mas também apoiamos ao nível de vestuário, da aquisição de óculos, através de parceria com a Cáritas, e disponibilizamos formação anual a estas famílias em várias áreas, como gestão de economia doméstica, técnicas de procura de emprego, práticas parentais, culinária e dispomos também de uma horta social”, frisou Vitória Furtado.
Com cerca de trinta voluntários, o projeto arrancou este ano com novas parcerias, neste caso, com os Escuteiros Marítimos de São José, que se propõem “construir um sorriso”, através da realização mensal de uma atividade junto das crianças das famílias apoiadas para promover a autoestima e sentimento de integração na comunidade.
Este ano vai também ser promovido um evento cultural de solidariedade.
Com o objetivo de “angariar fundos para o projeto de forma a dar resposta às necessidades das famílias a nível alimentar” vai ser organizado o II Buffet de Sopas, a 07 de março, segundo Vitória Furtado, indicando que a primeira edição, em 2014, permitiu “angariar 2.500 euros” e “mais de 400 pessoas participaram” na iniciativa, no Salão de S. José, que este ano “vai disponibilizar uma maior quantidade de sopas e variedades”.
O pároco de São José, Duarte Melo, frisou à Lusa que o projeto São Lucas “tem como princípio a solidariedade e a subsidiariedade”, evidenciando um grande sentido de generosidade e que nasce de uma igreja aberta à sociedade.
“É um projeto de justiça, de emergência social, de dar de comer a quem tem fome e bastante humanizante e humanizador. É uma grande riqueza na paróquia. As pessoas que recebem este contributo também são solidárias com a sociedade”, sustentou o pároco e um dos mentores do Plano São Lucas, destacando o apoio dado por “muitas empresas” para que seja possível “alimentar as famílias todo o ano”.
O Plano São Lucas reúne vários movimentos ligados à paróquia, como o Centro Paroquial de S. José, a Conferência Vicentina e a Legião de Maria, em articulação com o Banco Alimentar e Junta de Freguesia.
No âmbito do São Lucas foi também possível criar na internet uma bolsa social, um site que disponibiliza informação específica sobre as necessidades da população da paróquia.
CR /Lusa