Plano de reestruturação do Santuário e Convento da Esperança está concluído e merece o aplauso de todas as entidades

Diocese, Governo Regional e Câmara de Ponta Delgada “disponíveis” para uma das intervenções de maior monta em edifícios classificados dos Açores

Termina esta sexta feira a ronda final de apresentação da proposta prévia que explicita o conceito geral da intervenção que está a ser pensada pela Diocese de Angra, em articulação com o Governo Regional, Câmara Municipal de Ponta Delgada e Laboratório Regional de Engenharia Civil, para o Convento e Santuário da Esperança (Senhor Santo Cristo), em Ponta Delgada, depois de mais de um ano de auscultações diversas e de trabalho de uma equipa de arquitetos liderada pelo pe José Manuel Ribeiro e Miguel Sousa Basto, de Braga.

Trata-se de uma das maiores intervenções feitas ao nível de edifícios classificados na Região, não só pela dimensão da obra que prevê um intervenção de fundo em todo o edificado, mas devido à sua complexidade e, sobretudo, a uma ideia transversal a todo o projeto que é a de que “o investimento feito agora permita que as soluções encontradas sejam suficientemente flexíveis por forma a serem as adequadas às necessidades de culto, sociais e culturais” presentes e futuras.

“No fundo, o que nós procurámos foi respeitar o que está estipulado no auto de cedência deste edifício à Diocese de Angra, por parte do Governo Regional dos Açores, em 17 de setembro de 2004”, disse ao Sítio Igreja Açores um dos arquitetos responsáveis pela proposta, Pe José Manuel Ribeiro.

Por isso, as componentes de culto, sociais e culturais “estão presentes” em toda a proposta, com um peso “muito significativo” das duas primeiras.

“Esta proposta resulta de um trabalho de auscultação de todas as entidades; de uma estreita colaboração com as autoridades políticas regionais e locais e também com as forças vivas de Ponta Delgada” que são “naturalmente” parceiros deste projeto e “têm demonstrado um verdadeiro espirito de colaboração”.

“Se eu tivesse que resumir em três palavras, diria que destas reuniões que mantivemos nos últimos dias (e de todas as anteriores) tem havido uma vontade clara para que o projeto avance e se concretize; uma consciência exata da dimensão desta intervenção e um enorme sentido de responsabilidade e respeito pelo campo de atuação de cada um”, sublinhou ainda o arquiteto, lembrando “o empenho pessoal” do Bispo de Angra em acompanhar não só esta fase preliminar mas todas as iniciativas que foram desenvolvidas até agora.

Neste momento apenas está formulada uma proposta prévia que explicita o conceito geral da intervenção. O Governo Regional dos Açores e a Câmara Municipal de Ponta Delgada comprometeram-se a dar uma resposta dentro de dois meses e, se “tudo correr como está previsto poderemos iniciar o estudo prévio, depois da validação desta proposta”.

“Há, por parte das autoridades um compromisso e dentro do quadro legal” respeitante a cada um dos intervenientes “uma vontade para encontrar um programa de resolução financeira” para este projeto, que será desenvolvido em fases (estão projetadas “quatro ou cinco”) cuja execução dependerá de “estudos técnicos; apoios e capacidade de resposta”, refere ainda o arquiteto que está a trabalhar não só com o Reitor, Monsenhor Augusto Cabral,  que representa a Diocese mas também com o Conselho Económico do Santuário.

“É um trabalho muito complexo e por isso ninguém pode esperar que se inicie de um dia para o outro embora neste projeto haja situações prioritárias, para as quais há já um compromisso financeiro do Governo que não estando mensurado, está assumido e que se prende com as obras de restauro e conservação dos Coros alto e baixo do Santuário”, talvez os conjuntos “mais complexos e completos devido à diversidade de diferentes artes” que tem de ser respeitada. No caso do Coro Baixo, a necessidade de conservação é “muitíssimo grande” porque o estado de conservação “é gravíssimo” e por isso “será a obra prioritária”.

De resto, da proposta constam três projetos de intervenção autónomos mas pensados de forma integrada. O primeiro prende-se com o recheio móvel do Coro alto que combina pintura mural, com imaginária, talha, pintura sobre tela, ourivesaria/joalharia e estuques, “numa complexidade de diferentes artes”. O segundo projeto é a conservação e restauro do Coro baixo e em particular ao painel de azulejos do pintor A. Bernardes, cujo estado que conservação “é gravíssimo”, requerendo “uma intervenção imediata”. O terceiro e último projeto, que integra estes dois primeiros, é mais global e por isso, ainda mais profundo na medida em que se trata de uma obra de ampliação, reabilitação e conservação do edificado, seja ao nível das fundações, das estruturas e da cobertura, sem esquecer as novas construções.

“Tudo o que aqui for feito respeitará os princípios legais, patrimoniais e técnicos de uma intervenção desta natureza” e que decorrem do facto de se tratar de um conjunto classificado, construído ao longo de três séculos, com técnicas e soluções estéticas diferentes “que iremos respeitar escrupulosamente”, rematou o arquiteto, Pe José Manuel Ribeiro que juntamente com o colega Miguel Sousa Basto, Monsenhor Augusto Cabral, António Mendonça e José Augusto Borges (ambos do Conselho de Assuntos Económicos do Santuário) estiveram reunidos desde segunda-feira com o Presidente do Governo Regional dos Açores, Câmara Municipal de Ponta Delgada, Direção Regional da Cultura, Comissão Diocesana dos Bens Culturais da Igreja e Laboratório Regional de Engenharia Civil.

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