O responsável pelo plano de contingência do Corpo Nacional de Escutas (CNE), chefe Paulo Pinto, disse à Agência ECCLESIA que é possível voltar à atividade presencial, reforçando “o processo de confiança no escutismo”.
“O documento ‘Escutismo em tempo de Covid’, com documentação de organização, orientações para a etapa de desconfinamento, tem também documentação dirigida aos pais e à comunicação com os pais para que percebam que somos um espaço seguro para os seus filhos e a importância de virem às atividades, temos de reforçar o processo de confiança, entre dirigentes e pais”, explicou o chefe nacional adjunto.
O plano de contingência está a ser elaborado “desde maio, em conjunto com uma equipa multidisciplinar” que teve sempre a preocupação de criar uma “documentação clara e simples, fácil para os adultos e qualquer pai” poder ler e inteirar-se desta “nova forma de escutismo”.
‘Escutismo em tempo de Covid’ agrega todas as regras desde o distanciamento social, ao uso de máscaras, higienização das mãos, focadas em Agrupamento, Unidade e Patrulha, “uma nova vida comunitária com nova forma de estar”.
“Talvez o mais difícil foi medirmos o que seria seguro de fazer e sabemos que há regras apertadas que condicionam muito a nossa ação, como os acampamentos maiores que não são permitidos, nem atividades de grande dimensão, nem com unidades próximas”, referiu.
Paulo Pinto refere ainda que este tempo de pandemia aponta para “voltar à base do trabalho em patrulha mas não permite jogar com interação, o que era natural nos nossos jogos”.
O chefe nacional adjunto acredita que, depois das atividades em casa, este regresso traz um grande desafio a todos os dirigentes, que “já foram tendo sessões de ajuda”.
“É um desafio gigante para chefes e patrulhas que têm de preparar atividades e acampamentos de forma diferente,mas acredito que temos mecanismos dentro dos escuteiros que nos podem ajudar a fazer esse caminho, privilegiando a vida ao ar livre”, assume.
Com esta etapa de desconfinamento muitos agrupamentos têm voltado às atividades, “apesar das dificuldades” e o feedback tem sido positivo porque “os jovens estavam cansados de estar em casa”.
“Os agrupamentos estão a fazer um trabalho de preparação grande, dos 1030 agrupamentos mais de 600 já indicaram a intenção de reunirem de forma presencial, por isso neste momento mais de 65% estão a planear ou já estão em atividade presencial e queremos ajudar os que estão a preparar este desconfinamento”, reforçou à Agência ECCLESIA o chefe nacional do CNE.
Ivo Faria olha este regresso como necessário para a vida escutista, “cumprindo as regras para que todos se mantenham saudáveis” e acredita que esta fase possa trazer outras lições.
“Temos receio que o efetivo se possa ressentir e que haja algum desânimo, porque as adaptações requerem recursos humanos e financeiros que nem sempre são fáceis mas o escutismo vive muito de que nem sempre as coisas são fáceis e não se pode desanimar à primeira coisa que acontece”, aponta.
O chefe nacional deixou ainda uma mensagem de esperança a dirigentes, escuteiros e pais.
“Os jovens são o motor do desenvolvimento e desta esperança de que, mesmo com a adversidade da Covid, nós somos capazes de nos mantermos seguros e sermos felizes, trabalhar uns com os outros e contribuir para a felicidade dos outros”.
Ivo Faria considera que “o escutismo continuará a crescer e ser este motor de desenvolvimento e alegria na nossa comunidade”.
A 10 de setembro foram publicados os novos Estatutos do CNE, já em vigor, com mudanças “que se focam no limite de mandatos e capacidade de eleição”, algo que o chefe nacional justifica como uma “necessidade de renovação”.
(Com Ecclesia)