Na semana que passou foi nomeado o Cabido da Sé de Angra e reconhecemos os doze novos cónegos que vão apoiar Dom António Bispo de Angra na evangelização das palavras e dos gestos dos açorianos.
Neste Sábado assistimos à nomeação de quinze novos Cardeais em Roma, alegrámo-nos com a nomeação do Patriarca de Lisboa, do Bispo do Mindelo em Cabo Verde e do Bispo de Xai-Xai em Moçambique, e sentimos a segurança e o desafio de pertença à Igreja de Cristo.
A caridade foi o que marcou a mensagem do Papa. E da entrevista revisitada de Dom Manuel Clemente à SIC Notícias entendemos melhor a importância da proximidade na verdade das palavras. Por estarmos perto dos outros com o coração aberto por Cristo sentimos, apesar das nossas limitações, o apelo ao amor, a força que o possibilita e a alegria que nos dá esperança. De facto, se não estivermos perto, rapidamente as palavras se cristalizam em preconceitos e antagonismos.
A coincidência temporal na nomeação de cónegos e de patriarcas alertou-nos para a unidade da Igreja e para a realidade da nossa ligação ao Papa, sucessor de Pedro. Como dizia o Padre João Seabra tem sido o mundo a imitar a Igreja nas estruturas organizativas que vai criando. Será bom que aprendamos como podemos comunicar com o topo da hierarquia da Igreja em três passos e ao mesmo tempo escutar todos eles graças às novas tecnologias da informação. Tudo isso porque se pressupõe, e constata, a satisfação da liberdade e da comunhão na busca da verdade.
A novidade é-nos dada pela nomeação de Cardeais de países pequenos. Como se aquilo que importasse fossem as pessoas e os mares mais do que os países e os continentes. Na nomeação do Cardeal de Tonga e da Nova Zelândia todo o Pacífico se move. Na eleição do Cardeal de Cabo Verde liga-se o Atlântico Norte ao Atlântico Sul e, como um novo Cardeal no Panamá, o Pacífico e o Atlântico dão as mãos. Também em Moçambique – terra de comunhão entre islâmicos, hindus, católicos e anglicanos – surge o nome do Cardeal de Xai-Xai para lembrar. E Portugal e a Abissínia também lá estão a indicar o renascimento das pessoas e dos sítios pela rede de proximidade.
Em suma, vamos ouvir e escutar Dom Manuel Clemente mas também é bom que nos tragam entrevistas dos Cardeais de Xai-XAi, Cabo Verde, Panamá e Tonga. E perceber na voz do Papa a influência desafiante de todas essas proximidades do mar e dos seus portos.
Vamos então pelo mar, de novo, até a todos os cantos da nossa proximidade. Se há um muro na Ucrânia e na Palestina demos a volta por fora que é mais perto para nos abraçarmos. Se há uma questão Grega e Mediterrânea aproveitemos esse mar para nos unir e não para nos separar. Se, mais perto, estamos zangados e amedrontados com as outras ilhas na partilha das heranças da geografia então que apanhemos o barco para rezarmos em romarias e conversarmos nas feiras. Mais perto é como sabemos estar.
E agora com low-costs e internets e televisões e webpages não há nada que nos impeça. Como aprendemos não há nada no mundo que seja mau, o único mal vem do nosso coração. Coloquemos esse coração na “bica” de Cristo com ajuda da Igreja e a vida acontece.
Tomaz Dentinho