Livro com as homilias do cardeal português é prefaciado por Monsenhor António Saldanha
O Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres vai lançar na próxima sexta-feira o livro “Peregrino da Esperança- o cardeal Tolentino Mendonça na festa do Senhor Santo Cristo”. A obra, com prefácio de Monsenhor António Saldanha, oficial do Dicastério da Causa dos Santos e amigo pessoal do cardeal português, reúne as homilias proferidas pelo Perfeito do Dicastério para a Cultura e Educação na edição do ano passado da festa do Senhor Santo cristo dos Milagres.
“A ideia partiu do Reitor que quis perpetuar as palavras proferidas pelo Cardeal Tolentino” afirmou Monsenhor António Saldanha em declarações ao programa de rádio Igreja Açores.
“A presença do cardeal e a forma como se exprimiu, seja lendo textos seja nas palavras mais livres que deixou, criou empatia e deixou uma marca que o Santuário entendeu perpetuar desta forma”, explicou ainda o sacerdote que vive em Roma e juntamente com o Reitor e com o padre José Júlio Rocha apresentarão a publicação esta sexta-feira, dia 12, às 18h00, no Auditório da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada.
“Será uma conversa entre três amigos que são também amigos do Cardeal” adianta Monsenhor António Saldanha.
No prefácio, o sacerdote faialense faz uma contextualização da festa com uma “pequena viagem histórica ao culto”, que marca e dita o ambiente que o cardeal encontrou em Ponta Delgada e que deixou marca.
“Fazer uma leitura textual ou mais aprofundada das homilias do cardeal Tolentino exigiria mais tempo e porventura outro tipo de abordagem” conclui.
No ano passado o cardeal presidiu à Missa dos doentes; fez o sermão da mudança; presidiu à Missa da Irmandade, num momento mais privado e depois à Missa solene que decorreu em São José por causa do mau tempo.
Esta homilia foi muito centrada nas questões da paz e do sofrimento da humanidade. No dia anterior, no sermão da Procissão da Mudança, o prelado madeirense desafiou os peregrinos a tornarem-se “mediadores da esperança”.
“Não basta a tradição. Não é suficiente a herança cultural. Temos de experimentar alguma coisa acerca de Cristo. É urgente que os cristãos assumam a sua fé, procurem ter um contacto com a Palavra de Deus e façam dela a sua bússola, se comprometam no renovamento das comunidades paroquiais”, disse aos milhares de fieis que cumpriram a sua promessa, participando na denominada ‘Procissão da Mudança’.
O colaborador do Papa destacou a “emoção profunda” do “testemunho de fé” que brota “espontaneamente” desta manifestação secular.
“Estamos aqui porque como seres humanos nos sentimos incompletos, a caminho, e temos fome de luz; sentimo-nos carentes de uma verdade maior, capaz de nos resgatar; reconhecemos em nós a ânsia por uma palavra de Vida”, indicou.
O responsável sublinhou que, no Campo de São Francisco, na ilha de São Miguel, cada um chega com “as suas esperanças, as suas alegrias e os seus sofrimentos”.
“O meu coração se inundou espontaneamente, cheio de comoção e gratidão a Deus pelo testemunho da vossa fé. Primeiro pensava é um grande rio das lágrimas humanas, é o rio do sofrimento humano, mas é também o rio da esperança, é o rio da luz e da experiência daquilo que Deus pode fazer na vida de cada um de nós; na beleza de constituirmos uma comunidade, um povo que caminha na história e que encontra na fé em Jesus uma expressão tão fundamental, tão necessária, tão irrenunciável da sua própria existência”.
Na ocasião, D. José Tolentino Mendonça apontou a “uma Igreja do acolhimento e do serviço, uma Igreja onde os presbíteros desenvolvem uma verdadeira paternidade espiritual e os leigos participam amplamente da missão eclesial, sejam homens ou mulheres, idosos ou jovens, adultos ou crianças, em conjunto”.
“O mundo de hoje precisa desse testemunho. Onde houver um cristão, uma cristã tem de estar presente de forma incarnada o lugar sagrado da esperança”, apontou.
“Eu via passar cada um e o olhar que eu vi, mulheres e homens dedicarem ao Santo Cristo , é um olhar único, não há palavras para descrever aquilo que cada um colocava diretamente no coração do Senhor; aquilo que só cada um de nós sabe e da razão das suas lágrimas, do seu silêncio, da sua piedade; são coisas indiscritíveis que só Deus sabe acolher e sabe entender”.
A alocução do cardeal Tolentino terminou com um apelo: “Façamos hoje da oração a nossa escola da esperança. Confiemos no poder da oração para o refazer da esperança quando ela nos parece ferida ou estilhaçada”.