Pelo padre Sérgio Mendonça
Páscoa, a festa das festas!
Na caminhada cristã que tento empreender cada dia, a Páscoa é a minha festa de eleição. Longe da magia do Natal a Páscoa deverá ser para cada cristão “a festa”…
Qualquer entidade ou pessoa responsável por determinada festa deverá ter em conta uma boa preparação, para que no fim tudo aconteça melhor que o esperado e a alegria seja maior. Neste aspecto, a Páscoa não fica atrás de outras grandes festas, tendo para preparação quarenta dias, e cinquenta para celebração, e para além desses dias cada domingo ser “Páscoa semanal”.
A Páscoa é a festa da vida por excelência, é a primavera da Igreja.
Vivemos num tempo em que a cultura da morte se quer instaurar, tempo de governos instáveis que favorecem corruptos, deixando os pobres cada vez mais pobres e chegando a ameaçar um aniquilamento da sua dignidade. Citando uma banda portuguesa da actualidade: “é difícil ser honesto, é difícil de engolir, quem não tem nada vai preso, quem tem muito fica a rir”.
Hoje mais do que nunca é urgente que os cristãos ergam bem alto a sua voz e denunciem esta morte lenta e dolorosa das camadas mais pobres. Precisamos de cristãos sem medo em qualquer quadrante da sociedade, até na política, para que a vida que Cristo veio trazer na sua Páscoa não seja também hipotecada ao nada.
A quaresma falou-nos uma vez mais do quão importante é mudar de atitude, por isso saibamos mudar lutando pacificamente por uma vida mais digna, denunciando os instalados e todos aqueles que são um atentado à pobreza na nossa sociedade.
A vida que Jesus veio trazer na Páscoa não é uma vida cor-de-rosa, é sim uma vida que quer ser construída no esforço da luta diária. Não podemos cruzar os braços, e por isso em Cristo encontramos a força para continuar a caminhada, ensinando também aos grandes a importância de trabalhar para viver.
A Páscoa ensina-nos a buscar uma vida mais digna, mais feliz, sem preconceitos, mas também sem parasitas… saibamos lutar pela renovação que a Páscoa exige em nós e através de nós, limpando à nossa volta tudo o que cheira a abuso, roubo, instalação e morte. O cristão mais do que nunca é chamado à união, ao encontro, à comunhão, vivendo de Cristo e da sua Páscoa a experiência do novo nascimento e aspirando cada dia a uma renovação pessoal e da sociedade em que está inserido.
Na escuridão da pandemia que vivemos há que acreditar que é possível a esperança, é possível continuar em frente porque não estamos sós. Muito se tem dito e enegrecido sobre o futuro, porém esquecemo-nos duma dimensão das nossas vidas, a fé que nos fortalece, daí que necessitamos da humildade necessária para acreditar que não caminhamos sós, e confiar.
Mesmo que a realidade nos diga que não vamos deixar um futuro de ouro às gerações vindouras, saibamos deixar o melhor de nós mesmos, lutando e nunca baixando os braços, tal como os heróis não reconhecidos, os nossos pais e avós, que em tempos difíceis e sem subsídios lutaram para nos legar o melhor.
Que esta não seja uma Páscoa vazia e sem sentido, mas aceitando a vida de Cristo que nos renova recarreguemos as energias para continuar a caminhada. Que esta Páscoa seja para o cristão “a festa”, vivida na fé e na esperança de uma Páscoa sem fim.
Páscoa é tempo do Espírito, este amor que Deus derrama em nós e que nos dá a verdadeira vida. Recordando um dos Prefácios da Eucaristia dominical termino: “Em Vós vivemos, nos movemos e existimos e, durante a nossa vida terrena, sentimos cada dia os efeitos da vossa bondade e possuímos desde já o penhor da vida futura; tendo recebido as primícias do Espírito, pelo qual ressuscitastes Jesus Cristo de entre os mortos, vivemos na esperança da Páscoa eterna.
Santa Páscoa!