Paróquias desafiadas a criar «equipas de acolhimento e informação» para quem chega ou quem quer partir

Conclusões do XIV Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações apontam para importância de uma rede. Nos Açores a face mais visível desse apoio é a Cáritas.

Os agentes sociopastorais das migrações afirmaram hoje nas conclusões do XIV Encontro que é necessário criar “equipas de acolhimento e de informação” nas paróquias que esclareçam os portugueses que desejem partir para a emigração.

 

“Gerar sinergias entre paróquias, missões católicas, associações, rede consular, sindicatos, municípios e órgãos de comunicação social que permitam denunciar casos de exploração laboral, tráfico de pessoas e precariedade social ou familiar” é um dos objetivos dos participantes no XIV Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações.

 

Os participantes neste encontro consideram que o fenómeno migratório esteve “quase ausente das agendas política e eclesial nas duas últimas décadas” e hoje é focado apenas o seu aspeto “economicista e de elite”.

 

De acordo com o documento, enviado à Agência ECCLESIA, é necessário “analisar novas tendências, perfis e percursos migratórios, com vista a respostas inovadoras fruto de parcerias institucionais que envolvam a Igreja, academias e observatórios”.

 

Os participantes neste encontro, oriundos de 14 dioceses de Portugal e de uma dezena de organizações católicas, comprometem-se a “retomar a importância das migrações em toda a pastoral da Igreja, adequando as estruturas e os planos aos novos fluxos migratórios”.

 

Frei Francisco Sales, o diretor da Obra Católica Portuguesa de Migrações, considera que é necessário “sensibilizar os sacerdotes, nomeadamente os párocos”, para que incluam o tema das migrações na sua pastoral para a transmissão da informação aos cidadãos que pensam emigrar.

 

“Noutras épocas a Igreja teve um papel fundamental na informação e na ajuda de pessoas que iam emigrar. Elas procuravam o apoio da Igreja porque sabiam que aí encontravam informações para que quando chegassem ao seu destino tivessem uma rede de apoio”, disse frei Francisco Sales à Agência ECCLESIA.

 

Na conferência de encerramento deste encontro, D. Manuel Clemente considerou que as migrações não são um fenómeno “periférico” mas central para a Igreja Católica e que é necessário incluir todas as pessoas nos processos de desenvolvimento.

 

“É fundamental pensarmos que atrás de cada número está uma pessoa. Não há duas pessoas iguais. Todas são insubstituíveis”, afirmou D. Manuel Clemente ao comentar a mensagem do Papa Francisco para a Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado, que a Igreja assinalou este fim de semana.

 

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa considera que é sempre necessário olhar o migrante “na sua relação”, familiar ou social, porque não é possível desligar a pessoa “da realidade que a suporta”.

 

Os agentes sociopastorais das migrações sugerem ainda no documento conclusivo do encontro que a emigração seja repensada “de forma positiva”, associando-a a “uma política de desenvolvimento económico sustentável” e “responsabilizando assim todos os cidadãos pelo processo migratório”

 

Nos Açores, a Cáritas é um dos principais suportes do apoio às migrações. A região é desde a década de 90, um destino de eleição para muitos imigrantes.

 

De acordo com dados da Associação de Apoio aos Imigrantes nos Açores (AIPA) a que o Portal da Diocese teve acesso, em 2012 viviam nas ilhas açorianas 3.341estrangeiros, dos  414  610 estrangeiros que residiam esse ano em Portugal.

 

Ponta Delgada e Horta são as cidades que albergam mais estrangeiros, 1050 e 552 respetivamente, logo seguidas da Praia da Vitória (202) e Madalena do Pico (149). O concelho açoriano com menos estrangeiros residentes é Calheta de São Jorge onde estão apenas 10 cidadãos estrangeiros.

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