Responsáveis católicos têm manifestado oposição à intenção de legalizar prática
A Assembleia da República vai debater esta quarta-feira uma petição do movimento cívico ‘Direito a Morrer com Dignidade’, que defende a “despenalização da morte assistida” em Portugal.
A legalização tem merecido forte contestação de responsáveis da Igreja Católica e movimentos da sociedade civil, com destaque para a nota da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), divulgada em março de 2016, na qual os bispos rejeitam soluções que coloquem em causa a “inviolabilidade” da vida.
“Não pode justificar-se a morte de uma pessoa com o consentimento desta. O homicídio não deixa de ser homicídio por ser consentido pela vítima: a inviolabilidade da vida humana não cessa com o consentimento do seu titular”, refere o texto do Conselho Permanente da CEP.
O Conselho Permanente divulgou ainda um conjunto de 26 questões sobre temas ligados à eutanásia e ao fim da vida, em que questionam o “absurdo” de um “direito” a morrer.
O debate na reunião plenária do Parlamento vai ser acompanhada, no exterior da Assembleia, por uma manifestação do movimento cívico ‘Stop Eutanásia’, a partir das 12h30
Em nota enviada à Agência ECCLESIA, os responsáveis pela iniciativa sustentam que “é preciso saber aliviar a dor, mas não matar”, propondo uma maior atenção aos cuidados paliativos.
Na última semana, deu entrada ontem no Parlamento a petição ‘Toda a Vida Tem Dignidade’ que conta com mais de 14 mil assinaturas.
“Em vez de perder tempo a discutir a morte ganhemos tempos a discutir a vida. Achamos triste que num país que tem tantos idosos abandonados estejamos a discutir a eutanásia em vez de discutir como é que devemos apoiar essas pessoas”, disse José Maria Seabra Duque, um dos mandatários da iniciativa, à Agência ECCLESIA.
As associações católicas de enfermeiros e profissionais de saúde, de farmacêuticos, de professores, de juristas, de psicólogos e de médicos e ainda a ACEGE, assinaram um comunicado conjunto em que exprimem o seu apoio a esta petição.
A Associação dos Médicos Católicos Portugueses classificou a discussão sobre a legalização da eutanásia como sinal de “uma perda de sentido da vida humana”.