Por Renato Moura
Vai ser repetida a eleição para deputados da Assembleia da República, no círculo da Europa. Boletins inválidos para o lixo, à mistura com outros?! Representantes de partidos reunindo sobre a dispensa do cumprimento da lei?! Pouco importa a lei, mas a intenção inscrita, dizia um analista!
O Presidente da República anunciou a data de posse no novo governo, sem querer saber do desenvolvimento das faculdades dos órgãos competentes: Comissão Nacional de Eleições, partidos potencialmente reclamantes, Tribunal Constitucional! Um Presidente, arvorado de institucional, teria de ser cuidadosamente ponderado – não pelo que de si diz, mas pelas acções – e abster-se de pressões. Ridículo, para um professor de direito!
Tem-se exigido remodelação do Governo dos Açores. Habitualmente, quando se exige, não acontece. O Presidente do Governo já reconheceu o sentir da opinião pública; mas deixou claro que é ele a decidir quando. Excepcionalmente sente-se como anunciada uma remodelação a prazo! Onde encontrarão os secretários regionais motivação para empreender, sem saber se ficam ou vão e quando?! E qual é a força do Presidente (do Governo e do PSD) para fazer alteração, em número e qualidade, se os parceiros minoritários mandam mais que ele?! A um Presidente apreciador de termos desusados, é caso para perguntar: não é isto estrambótico, ou não perdeu ele a tramontana?
Em política é frequente o desejo de desejar mais o poder, que o serviço. É mau. Mas muito pior é sentir coisa idêntica na Igreja. Quando agora se aguarda a nomeação de vários bispos, é intolerável perceber um ambiente de campanha eleitoral, seja de viagens, presenças, participações, escritos ou notas; repetindo, só para aparecer. Quando os discípulos discutiam entre si sobre quem seria o maior, Jesus advertiu: “Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos e o servo de todos (Mc 9,35). Falando do poder dos chefes das nações que as governam como seus senhores, disse aos discípulos: “Não seja assim entre vós” (Mt 20,26).
Para todos, mas especialmente para quantos se movem freneticamente dentro da Igreja, importaria reter conselhos de S. Paulo: “Nada façais por ambição, nem por vaidade; mas, com humildade, considerai os outros superiores a vós próprios, não tendo cada um em mira os próprios interesses, mas todos e cada um exactamente os interesses dos outros” (Fl 2,2-3) e “Cada um de vós não se sinta acima do que deve sentir-se; mas sinta-se preocupado em ser sensato, de acordo com a medida da fé” (Rm 12,3).
Verdades cruas.