Por Renato Moura
Deus muniu cada um dos humanos com um abundante conjunto de dons, diferentes e específicos para cada um de nós. Há pessoas que não possuem um bom dom da palavra. Alguns têm o dever de falar em público e precisariam de desenvolver a capacidade de o fazer; em vez de se coibirem, mesmo quando o dever o exige; ou de o fazerem, como que por desobriga e em tom sumido.
Também há quem tenha o dom da palavra e abuse da prolixidade, usando tantas palavras que acabam escondendo a ideia base, se e quando ela existe.
É impossível fazer um balanço geral sobre a Jornada Mundial da Juventude. Cada um retirará as suas próprias leituras e conclusões. Será indiscutível que a adesão foi admirável, talvez inexplicável; que cada pessoa terá sido atraída de forma individual e ou terá sido tocada pessoalmente: cristãos ou não, crentes ou não, participantes ou expectadores, até críticos sistemáticos.
As declarações do Papa Francisco, em homilias ou noutras oportunidades, estão cheias de conteúdos preciosos. Não se esgotam no tempo, são a interpretação dos ensinamentos de Jesus. Fê-lo aproveitando a inspiração divina, mas também a experiência de uma longa vida, de convívio franco com todos, de diálogo aberto com responsáveis de outros credos religiosos.
Verdadeiramente impressionante é a forma como este Papa se explica de forma perceptível a todos. A eficácia ficou demonstrada nas entrevistas de rua, dos jornalistas das televisões, a cidadãos comuns, quando se percebeu como todos retiraram o essencial do que ele quis transmitir, nos textos escritos, talvez sobretudo nos apartes, de olhos no povo, com a verdade, a pureza, a convicção do sentimento.
Enquanto alguns se continuam a entreter com os custos e os proveitos, materiais e económicos, da JMJ, importará colher o proveito espiritual. Há textos e mensagens para fazer reflectir a hierarquia católica, para inspirar homilias aos sacerdotes. Há exemplos de como ser eficaz, com poucas palavras, de molde a serem retidas. Também ficam para reflexão e ponderação da acção de políticos, dirigentes, população do mundo e cristãos em especial. A Igreja tem tido hierarquia a mais; e muitos presbíteros ainda teimam em não mudar.
O Papa Francisco quer lugar para todos, todos, todos. Ele falou para todos, todos, todos: os que mandam, os que obedecem, os que estão por cima ou por baixo na sociedade, os que estão dentro e fora da Igreja. Que todos, todos, todos o ouçam, mas sobretudo ouçam Deus na intimidade das respectivas consciências. E caminhem lutando com confiança.