AS TRÊS VINDAS.
O tempo litúrgico do Advento celebra a vinda de Deus, nos seus dois momentos: primeiro convida-nos a despertar a expectativa da vinda gloriosa de Cristo; depois, aproximando-nos do Natal, chama-nos a acolher o Verbo que se fez homem para a nossa salvação. Mas o Senhor vem continuamente na nossa vida.
O tempo do Advento é vivido inteiramente segundo esta polaridade. Nos primeiros dias, dá-se relevo à última vinda do Senhor, como demonstram também os textos da hodierna celebração vespertina. Depois, aproximando-se o Natal, prevalecerá ao contrário a memória do acontecimento de Belém, para reconhecer nele a “plenitude do tempo”.
Entre estas duas vindas “manifestas”, pode-se reconhecer uma terceira, que São Bernardo chama “intermédia” e “oculta”, que tem lugar na alma dos fiéis e lança como que uma “ponte” entre a primeira e a última. “Na primeira escreve São Bernardo Cristo foi a nossa redenção; na última, manifestar-se-á como a nossa vida: é nela que se encontram o nosso descanso e a nossa consolação” (Disc. 5, sobre o Advento, 1).
Portanto, é oportuno como nunca o apelo de Jesus, que no primeiro domingo de advento, nos é reproposto com vigor: “Vigiai!” (Mc 13, 33.35.37). Dirige-se aos discípulos, mas também “a todos”, porque cada um, na hora que só Deus conhece, será chamado a prestar contas da própria existência. Isto exige um justo desapego dos bens terrenos, um arrependimento sincero dos próprios erros, uma caridade laboriosa em relação ao próximo e sobretudo uma entrega humilde e confiante nas mãos de Deus, nosso Pai terno e misericordioso.
Excertos de textos das homilias nas primeiras vésperas de Advento (2005-2010)