DEUS VEM.
Esta expressão tão sintética contém em si uma força de sugestão sempre nova. Paremos um momento para reflectir: não se usa o passado Deus veio nem o futuro Deus virá mas sim o presente: “Deus vem“. Trata-se, em última análise, de um presente contínuo, ou seja, de uma acção sempre em acto: aconteceu, acontece agora e voltará a acontecer. Em qualquer momento, “Deus vem”.
O único Deus verdadeiro, “o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob”, não é um Deus que está no céu, desinteressando-se por nós e pela nossa história, mas é o Deus-que-vem. É um Pai que nunca cessa de pensar em nós e, no respeito extremo pela nossa liberdade, deseja encontrar-nos e visitar-nos; quer vir, habitar no meio de nós, permanecer connosco. O seu “vir” é impelido pela vontade de nos libertar do mal e da morte, de tudo o que impede a nossa verdadeira felicidade. Deus vem para nos salvar.
O verbo “vir” aparece aqui como um verbo “teológico” e mesmo “teologal”, porque diz algo que se refere à própria natureza de Deus. Por conseguinte, anunciar que “Deus vem” equivale simplesmente a anunciar o próprio Deus, através de uma sua característica essencial e qualificadora: o seu ser o Deus-que-vem.
O Advento exorta os fiéis a tomarem consciência desta verdade e de agirem consequentemente. Ressoa como um apelo saudável, na repetição dos dias, das semanas e dos meses: Acorda! Recorda que Deus vem! Não ontem, não amanhã, mas hoje, agora!
Excertos de textos das homilias nas primeiras vésperas de Advento (2005-2010)