Bibliotecário e arquivista da Santa Sé agradece confiança do Papa e apoio recebido desde a sua nomeação
O bibliotecário e arquivista da Santa Sé, D. José Tolentino Mendonça, disse hoje após a sua ordenação episcopal no Mosteiro dos Jerónimos, que assume estas funções com o desejo de transmitir a beleza aos outros.
“Para mim não há diferença entre uma biblioteca e um jardim”, referiu, no final da celebração, já após ter percorrido a igreja sob os aplausos da assembleia.
O novo arcebispo português agradeceu a “confiança” do Papa Francisco, assumindo como missão “a sede de olhar e ajudar os seus semelhantes a olhar os lírios do campo”.
“Olhai os lírios do campo” foi o lema episcopal escolhido, evocando os poetas-monges que durante séculos foram a “alma do mundo do Oriente”, que procuravam deixar uma frase capaz de resumir todo o ensinamento recebido.
“Os farrapos de mendigos que interiormente nos vestem têm a beleza dos lírios: é essa a lição”.
As insígnias episcopais foram desenhadas por artistas como o escultor Manuel Rosa ou artesãs da Serra do Marão, responsáveis pelo tecido da casula.
“Recebi sempre muito mais do que aquilo que dei”, confessou D. José Tolentino Mendonça.
O responsável apresentou-se a todos como uma “obra dos outros”.
“A minha vida não é minha, é uma vida dada, oferecida, sinto que sou obra dos outros e para os outros”, precisou.
O bibliotecário e arquivista da Santa Sé disse ter contado com a ajuda e oração de todos, elogiando a “espantosa plasticidade da vida”, antes de deixar um convite a admirar o “milagre da vida”, num “êxtase”.
“Jesus é o terapeuta do nosso olhar, o reconstrutor do nosso modo de ver”, observou.
D.José Tolentino Mendonça agradeceu a presença do presidente da República Portuguesa, mostrando-se comovido com este ato de amizade, pessoal e entre Portugal e a Santa Sé.
A ordenação episcopal de D. José Tolentino de Mendonça, novo arquivista e bibliotecário do Vaticano, decorreu hoje no Mosteiro dos Jerónimos.
A celebração foi presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e terá como bispos co-ordenantes o cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, e D. Teodoro de Faria, bispo emérito do Funchal. Participaram vários bispos diocesanos e sacerdotes de várias dioceses, entre elas a de Angra, que foi representada pelo Vigário Geral, Cónego Hélder Fonseca Mendes.
A data coincide com o 28.º aniversário de ordenação sacerdotal de D. José Tolentino Mendonça.
O novo bispo agradeceu o “coração amigo” de D. Manuel Clemente, mostrando depois a sua “grande admiração” por D. António Marto.
“A minha chama-se Fátima e Fátima foi também o primeiro nome que eu conheci de Nossa Senhora”, precisou.
O responsável saudou ainda D. Teodoro de Faria, bispo emérito do Funchal, que o ordenou padre há 28 anos e o enviou para o estudo das Ciências Bíblicas, bem como todos os bispos portugueses que marcaram presença, num gesto de “comunhão”.
As leituras da celebração foram proclamadas pela reitora da UCP, Isabel Capelo Gil, e pelo ator e encenador Luís Miguel Cintra.
O arcebispo português D. José Tolentino Mendonça quis as suas novas insígnias episcopais revelassem o percurso de diálogo com o mundo da arte, na sua vida.
“Toda a minha vida trabalhei com artistas e quis que nesta ordenação episcopal também estivesse presente essa dimensão da minha vida”, referiu hoje, em declarações à imprensa após a sua ordenação episcopal, em Lisboa.
A casula que o novo arcebispo português utilizou na celebração desta tarde foi tecida por “mulheres da Serra da Marão”, com uma “espécie de vitral” com um campo de lírios – as flores que inspiram o lema episcopal do bibliotecário e arquivista da Santa Sé -, da autoria de uma estilista portuguesa, Helena Cardoso, num trabalho “de grande simplicidade e, ao mesmo tempo de grande poética”.
As insígnias episcopais são da autoria do escultor Manuel Rosa, em volta do “mote de abertura, de iluminação e de otimismo de Jesus: olhai os lírios do campo”.
A ordenação episcopal de D. José Tolentino de Mendonça, novo arquivista e bibliotecário do Vaticano, decorreu no Mosteiro dos Jerónimos, perante centenas de pessoas; a data coincidiu com o 28.º aniversário de ordenação sacerdotal.
“Não vou deixar de ser padre, porque um bispo continua a exercer este ministério de paternidade espiritual”, disse aos jornalistas, após a celebração.
O responsável da Santa Sé prometeu ainda que vai continuar a escrever, como “instrumento de diálogo e de aproximação entre a Igreja e a Cultura”.
D. José Tolentino Mendonça nasceu em Machico (Arquipélago da Madeira) em 1965 e foi ordenado padre em 1990; é doutorado em Teologia Bíblica.
O biblista, investigador, poeta e ensaísta foi condecorado com o grau de Comendador da Ordem de Santiago da Espada por Aníbal Cavaco Silva, presidente da República, em 2015.
(Com Ecclesia)