A freguesia da Serreta vive por estes dias a sua festa mais importante que acolhe peregrinos de toda a ilha
A Serreta é neste fim-de-semana a capital da ilha terceira. Para ali convergem milhares de peregrinos de todas as partes da ilha para confiar a Nossa Senhora dos Milagres as suas intenções. A peregrinação, que se traduz num momento de acção de graças, acontece ao longo do ano mas é particularmente neste fim-de-semana que a freguesia ganha um novo fulgor. Desde o dia 2 de setembro, altura em que se iniciaram as novenas, que os peregrinos se dirigem para este lugar. Três sacerdotes repartiram as pregações. O Igreja Açores faliu com o reitor do Santuário, padre João Pires. Numa entrevista rápida, o sacerdote fala do papel evangelizador do santuário; do acolhimento dos peregrinos durante as celebrações e da vertente sócio-caritativa.
Como é o dia a dia do Santuário de Nossa Senhora dos Milagres?
Em primeiro lugar, o Santuário Diocesano de Nossa Senhora dos Milagres está enraizado na paróquia da Serreta. Uma paróquia que pertence à Zona Pastoral Oeste da Ouvidoria de Angra do Heroísmo, que pretende servir a freguesia da Serreta, assim como a zona e ouvidoria na sua tríplice missão profética, sacerdotal e real. O dia-a-dia do Santuário é marcado por uma visita constante de peregrinos, ao longo do ano. Temos um serviço organizado para a celebração do Sacramento da Reconciliação ao longo da semana e de atendimento, na vertente sócio caritativa, através do Núcleo da Cáritas Paroquial. Os peregrinos acorrem ao santuário durante todo o ano, mas nesta semana em especial. Como é que o Santuário se prepara para acolher os fiéis? Através de nove “ janelas” de evangelização ou novenas. As novenas são dinamizadas por grupos da pastoral profética, Litúrgica e social das diversas paróquias das Ouvidorias da Ilha Terceira e pregadas por presbíteros com grandes responsabilidades na condução da evangelização na diocese de Angra para que nas pregações haja um verdadeiro diálogo entre a fé e a cultura. Também através de equipas de ordem e acolhimento que têm por missão minimizar o sofrimento da caminhada e dar algum conforto. Temos uma paróquia cheia de peregrinos por estes dias. Mas as igrejas estão vazias. Como é que se explica esta religiosidade? Nos dias da novena e festa temos 15 missas e uma média de 280 pessoas por missa o que perfaz um total de 4200 fiéis que participam nas missas. Portanto os outros 15.800 apenas visitam o Santuário para pagar a promessa e rezar algum tempo a Maria e com Maria sob a invocação de Nossa Senhora dos Milagres sem grande ligação à fonte e ao centro da nossa fé, a Santa Missa. Mas como diz a Sagrada Escritura “ não devemos apagar a torcida que ainda fumega”. O formato destas novenas visa precisamente aproveitar esta religiosidade popular para apresentar a proposta do Evangelho, a proposta cristã e assim irmos esclarecendo e purificando a nossa fé de todas as idolatrias. De que modo é que os santuários (e o da Serreta em particular) podem ser motores de evangelização? Consciencializando os peregrinos de que são chamados a ser igreja missionária e integradora nas suas comunidades cristãs. Isso só é possível com um serviço da palavra altamente preparado para esse diálogo fé- cultura. Que mensagem gostaria de deixar aos peregrinos que vão à Serreta por estes dias? Esta oração, que é atribuída a S. Francisco de Assis : “Onde houver ódio que leve o amor, Onde houver ofensa que eu leve o perdão, Onde houver dúvida que eu leve a fé, Onde houver tristeza que eu leve a alegria, Onde houver desespero que eu leve a esperança, Onde houver erro que eu leve a verdade, Onde houver discórdia que eu leve a união, Onde houver trevas que eu leve a luz.”