Francisco retoma as viagens apostólicas para cumprir um desejo manifestado publicamente desde junho de 2019
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé disse hoje que o Papa Franciso vai visitar o Iraque entre os dias 5 e 8 de março de 2021.
Bagdad, Ur, Erbil, Mossul e Qaraqosh são os locais que o Papa vai visitar nesta viagem apostólica.
Acolhendo o convite da República do Iraque e da Igreja Católcia local, o Papa Francisco realizará uma viagem apostólica àquele país entre os dias 5 e 8 de março de 2021, visitando Bagdad, a planície de Ur, ligada à memória de Abraão, a cidade de Erbil, bem como Mossul e Qaraqosh na planície de Nínive”, afirmou Matteo Bruni.
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé comunicou também que “a seu tempo será publicado o programa da viagem, que terá em conta a evolução da emergência sanitária mundial”.
No dia 10 de junho de 2019, o Papa anunciou, no Vaticano, a sua intenção de visitar o Iraque em 2020, falando perante representantes das comunidades católicas orientais.
“Uma ideia insistente acompanha-me, pensando no Iraque, onde tenho o desejo de ir no próximo ano, para que possa seguir em frente, através da participação pacífica e partilhada na construção do bem comum de todos as componentes religiosas da sociedade, e não caia novamente em tensões que vêm dos conflitos intermináveis de potências regionais”, disse, na Sala do Consistório, perante os participantes na 92ª Assembleia Plenária da Reunião das Obras de Ajuda às Igrejas Orientais (Roaco).
A visita do Papa ao Iraque é um projeto antigo, que ainda não se concretizou devido a problemas de segurança, que afetam em particular a comunidade cristã, visada pela ação do autoproclamado Estado Islâmico.
Em fevereiro deste ano, o Papa saudou no Vaticano um grupo de peregrinos no Iraque, admitindo que tinha a intenção de visitar o país em 2020, viagem adiada por causa do atual cenário de violência.
“Estou muito próximo de vós. Sois um campo de batalha, sofreis uma guerra de um lado e do outro. Rezo por vós e pela paz no vosso país, para o qual estava programada uma visita minha, este ano”, disse o na audiência pública de quarta-feira, a última que decorreu na Praça São Pedro, por causa da pandemia Covid-19.
O arcebispo sírio-católico de Hadiab-Erbil, D. Nizar Semaan, já afirmou que a visita do Papa Francisco cumpre um desejo dos Papas João Paulo II e Bento XVI e confirma o “lugar” da comunidade cristã local na Igreja universal.
“O Papa João Paulo II esperou visitar-nos, o Papa Bento XVI também e agora finalmente o Papa Francisco vai fazer a visita ao nosso país. Nós agradecemos esta significativa visita, pois sabemos como será difícil – ainda estamos na emergência da COVID, o Papa já tem alguma idade e não deve viajar muito, por isso a sua visita é tudo o que há de mais importante e um sinal do nosso lugar na Igreja universal ”, afirmou em declarações à Ajuda à Igreja que Sofre.
Para o arcebispo sírio-católico de Hadiab-Erbil a visita vai mostrar como os membros da comunidade cristã estão “todos juntos” e unidos à Igreja universal.
Para o presidente internacional da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), a visita do Papa Francisco ao Iraque é um “sinal de esperança” para os cristãos do país e vai dar-lhes “novas razões para permanecer na sua terra natal”.
“A notícia da viagem apostólica do Papa ao Iraque enche-nos de grande alegria e gratidão. Os cristãos no Iraque esperaram esta notícia com expectativa”, disse Thomas Heine-Gelder em declarações enviadas à Ecclesia.
O presidente internacional da AIS considera que a visita do Papa “é um sinal de esperança para os cristãos perseguidos que tiveram de enfrentar uma verdadeira via sacra de perseguição e discriminação durante décadas”.
“Esta viagem é um sinal de proximidade e preocupação do Papa pelos cristãos do Médio Oriente. A visita vai fortalecê-los e dar-lhes novas razões para permanecer na sua terra natal”, acrescentou.
Para Thomas Heine-Gelder, “sem o apoio do Santo Padre e da Igreja, estas comunidades que foram o berço do cristianismo, estão ameaçadas de extinção”.
Catarina Martins Bettencourt, diretora da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, disse por sua vez que a visita do Papa Francisco ao Iraque é “muito positiva” para a comunidade cristã local “chamando a atenção para os seus problemas, das suas inseguranças, das suas fragilidades, da forma como tem sido descriminada, perseguida no seu próprio país”.
A diretora da FAIS lembrou que a comunidade cristã está a “sofrer bastante desde que foi expulsa das suas terras, sem que muitos cristãos tenham conseguido regressar”.
Catarina Martins Bettencourt afirma que a visita do Papa vai “dar ânimo, alento, conforto à comunidade cristã que, apesar de todas as dificuldade, continua presente no seu país”.
(Com Ecclesia)