O Papa saudou hoje no Vaticano a “Igreja mártir” do Iraque, dois dias antes da sua viagem ao país, a primeira de um pontífice, pedindo orações dos católicos pelo sucesso desta visita, que considerou uma “peregrinação”.
“Depois de amanhã, se Deus quiser, irei ao Iraque, para uma peregrinação de três dias. Há muito tempo desejo encontrar-me com aquele povo, que sofreu tanto, encontrar-me com aquela Igreja mártir”, referiu Francisco, no final da audiência geral que foi transmitida online, a partir da biblioteca do Palácio Apostólico.
Dos cerca de 1,5 milhões de cristãos que viviam no Iraque antes da segunda Guerra do Golfo, em 2003, estima-se que permaneçam 250 mil, uma diminuição de mais de 80%.
O Papa vai encontrar-se, entre 5 e 8 de março, com a comunidade cristã, responsáveis políticos e líderes de outras religiões, incluindo o grande aiatola Al-Sistani, maior figura do Islão xiita no Iraque.
“Na terra de Abraão, juntamente com outros líderes religiosos, daremos também um outro passo em frente na fraternidade entre os crentes”, apontou.
Francisco pediu orações para que a viagem “possa decorrer da melhor forma possível e dar os frutos esperados”.
A visita é fisicamente exigente para o Papa, recentemente afetado por várias situações agudas de inflamação do nervo ciático, tendo de percorrer mais de 7330 quilómetros em quatro dias, num total de 15 horas de deslocações aéreas e rodoviárias.
“O povo iraquiano espera por nós, esperava por São João Paulo II, que foi impedido de ir. Não se pode desiludir um povo pela segunda vez”, justificou, a respeito de uma visita que decorre em contexto de pandemia, com limitações à participação nos eventos, e com um forte aparato de segurança.
“Rezemos para que esta viagem nos possa fazer bem”, acrescentou.
A partir de 2004 houve uma série de atentados contra igrejas cristãs, situação que se agravou em 2014, com os ataques do ‘Estado Islâmico’.
Muitos cristãos procuraram refúgio no norte do país, habitado maioritariamente por população de etnia curda.
O Cristianismo está presente no território desde o século I e muitos dos lugares do Iraque são referidos na Bíblia, desde o seu primeiro livro, com destaque para a terra natal de Abraão, Ur, que o Papa vai visitar.
A 33ª viagem apostólica fora da Itália do Papa, a primeira desde o início da pandemia, acontece a convite da República do Iraque e da Igreja Católica local, com passagens por Bagdade, Najaf, a planície de Ur – ligada à memória de Abraão -, Erbil, Mossul e Qaraqosh, na planície de Nínive.
(Com Ecclesia)