Francisco evoca conflitos na Síria, Iémen, Venezuela, Nicarágua e Ucrânia
O Papa Francisco recordou hoje no Vaticano so cristãos que celebram o Natal sem liberdade religiosa, durante a sua tradicional bênção ‘Urbi et Orbi’.
“Penso de modo particular nos nossos irmãos e irmãs que celebram a Natividade do Senhor em contextos difíceis, para não dizer hostis, especialmente onde a comunidade cristã é uma minoria, por vezes frágil ou desconsiderada. Que o Senhor lhes permita, a eles e a todas as minorias, viver em paz e ver reconhecidos os seus direitos, sobretudo a liberdade religiosa”, declarou, desde a varanda central da Basílica de São Pedro.
A tradicional intervenção de 25 de dezembro, que antecedeu a bênção solene ‘urbi et orbi’ [à cidade (de Roma) e ao mundo], foi transmitida em direto para dezenas de países, incluindo Portugal.
Após ter convidado todos a “redescobrir os laços de fraternidade” entre todos os povos, Francisco deixou apelos para várias zonas de conflito no mundo, como a “amada e atormentada Síria”, desejando que esta possa “reencontrar a fraternidade depois destes longos anos de guerra”.
Que a Comunidade Internacional trabalhe com decisão para uma solução política que anule as divisões e os interesses particulares, de modo que o povo sírio, especialmente aqueles que tiveram de deixar as suas terras e buscar refúgio noutro lugar, possa voltar a viver em paz na sua pátria”.
O Papa defendeu o diálogo entre israelitas e palestinos, levando a “um caminho de paz” que ponha fim a um conflito que, “há mais de 70 anos”, afeta a região do nascimento de Jesus Cristo, e saudou os esforços de paz na península coreana.
A intervenção evocou a crise no Iémen, em particular as crianças e a população “exaustas pela guerra e a carestia”.
Penso depois na África, onde há milhões de pessoas refugiadas ou deslocadas e precisam de assistência humanitária e segurança alimentar. O Deus Menino, Rei da paz, faça calar as armas e surgir uma nova aurora de fraternidade em todo o Continente, abençoando os esforços de quantos trabalham para favorecer percursos de reconciliação a nível político e social”.
Francisco rezou para que a Venezuela possa “reencontrar a concórdia”, unindo todos em volta do “desenvolvimento do país”, para “prestar assistência aos setores mais vulneráveis da população”.
“Que, diante do Menino Jesus, se redescubram irmãos os habitantes da querida Nicarágua, para que não prevaleçam as divisões e discórdias, mas todos trabalhem para favorecer a reconciliação e, juntos, construir o futuro do país”, acrescentou.
O Papa falou também da crise na Ucrânia, assinalando que a “paz duradoura” tarda a chegar.
Só com a paz, respeitadora dos direitos de cada nação, é que o país poderá recuperar das tribulações sofridas e restabelecer condições de vida dignas para os seus cidadãos. Solidário com as comunidades cristãs daquela Região, rezo para que possam tecer relações de fraternidade e amizade”.
O olhar sobre o atual cenário internacional concluiu-se com um alerta sobre o que o pontífice definiu como “colonizações ideológicas, culturais e económicas” e as populações por elas afetadas, que sofrem por causa “da fome e da carência de serviços educativos e sanitários”.
(Com Ecclesia)