Francisco adverte para quem atira «pedras» de condenação sobre os outros
O Papa Francisco disse hoje no Vaticano que os católicos devem rejeitar o “legalismo” e evitar as “pedras” de condenação sobre os outros, como ensinou Jesus Cristo.
“Os interlocutores de Jesus estão fechados na estreiteza do legalismo e querem trancar o Filho de Deus na sua perspetiva de julgamento e condenação. Mas Ele não veio ao mundo para julgar e condenar, mas para salvar e oferecer às pessoas uma nova vida”, declarou, perante milhares de peregrinos reunidos para a recitação do ângelus, na Praça de São Pedro.
A intervenção partiu de um episódio dos Evangelhos, no qual Jesus é confrontado sobre a legitimidade de apedrejar uma mulher apanhada em adultério, como previa a lei judaica – embora os ocupantes romanos proibissem qualquer linchamento popular.
O Papa sublinhou que Jesus Cristo apelou à “consciência” de quem o questionava, arvorando-se em “paladinos da justiça”, para que compreendessem a sua “condição de homens pecadores, que não podem arrogar-se o direito de vida ou de morte sobre um seu semelhante”.
“Quando falamos mal dos outros, atiramos pedras”, advertiu Francisco.A intervenção deixou aos presentes o desafio de tomar consciência da sua própria condição de “pecadores”, deixando “cair das mãos as pedras do denegrir e da condenação que, às vezes, queremos atirar contra os outros”
O pontífice sublinhou que o ensinamento de Jesus abriu um caminho novo, de “misericórdia”, para que todos os que pedirem perdão possam “começar uma história renovada”, numa vida “nova, bela, livre do pecado, generosa”.
A intervenção aconteceu na véspera do terceiro aniversário de publicação da exortação apostólica ‘Amoris laetitia’, que abordou, entre outras, a questão da possibilidade de acesso à Comunhão de católicos divorciados em nova união.
O Papa propõe um caminho de “discernimento” para os católicos recasados, sublinhando que não existe uma solução única para estas situações.
Em Portugal, várias dioceses que publicaram documentos sobre a aplicação das propostas para a pastoral familiar, após as duas assembleias sinodais (2014 e 2015) sobre o tema, nomeadamente no que respeita ao capítulo VIII da ‘Amoris Laetitia’.
(Com Ecclesia)