O Papa regressou hoje aos compromissos públicos, presidindo à recitação dominical da oração do ângelus, desde a janela do apartamento pontifício, no Vaticano, mas anunciou que irá estar ausente no tradicional retiro de Quaresma.
“Infelizmente, a constipação obriga-me a não participar, este ano. Seguirei desde aqui, as meditações. Uno-me espiritualmente à Cúria e a todas as pessoas que estão a viver momentos de oração, fazendo os exercícios espirituais em casa”, declarou.
Os exercícios espirituais decorrem até sexta-feira, à porta fechada, na casa de retiros Divino Mestre, que pertence aos Paulistas, na localidade de Ariccia, arredores de Roma; esta é a primeira vez no pontificado em que vão realizar-se sem a presença de Francisco.
Durante esta semana, como acontece habitualmente por ocasião dos exercícios espirituais, são suspensos todos os compromissos do Papa, incluindo a audiência geral das quartas-feiras.
Francisco tinha diminuído a sua agenda desde a celebração de Quarta-feira de Cinzas, devido a uma “indisposição”, segundo a sala de imprensa da Santa Sé; toda a agenda do pontífice foi reduzida para encontros privados e a celebração da Missa na Casa de Santa Marta, onde reside.
Perante alguns milhares de peregrinos e visitantes reunidos na Praça de São Pedro, num dia de vento e frio, o Papa apresentou hoje uma reflexão sobre o episódio das tentações de Jesus, relatado pelos Evangelhos.
“Também hoje, Satanás irrompe pela vida das pessoas, para as tentar com as suas propostas tentadoras”, advertiu.
“Jesus não dialogou com o diabo”, observou ainda.
Segundo Francisco, este caminho de “idolatria do poder e da glória humana” é “ilusório”, porque tem como referência os “ídolos deste mundo”.
“Rapidamente percebemos que, quanto mais nos afastamos de Deus, mais nos sentimos indefesos e sem proteção, diante dos grandes problemas da existência”, acrescentou.
No primeiro domingo do tempo de preparação para a Páscoa, no calendário católico, o Papa convidou todos a estar “vigilantes diante das tentações” do diabo, promovendo, pelo contrário, “obras de bem”.
“Sinto-me entristecido pelas notícias que chegam sobre tantos desalojados, tantos homens, mulheres, crianças, expulsos por causa da guerra, tantos migrantes que pedem ajuda e refúgio, no mundo. Nos últimos dias, isto tornou-se muito forte, rezemos por eles”, referiu em seguida, de improviso.
Após a recitação do ângelus, o Papa – que tossiu em duas ocasiões – pediu aos presentes orações por si e pelos seus colaboradores da Cúria Romana, que esta tarde iniciam o retiro anual da Quaresma, sob orientação do padre jesuíta Pietro Bovati.
Em 2018, o retiro quaresmal foi orientado pelo agora cardeal D. José Tolentino Mendonça.
(Com Ecclesia)