O Vaticano anunciou hoje um reforço inédito da presença de mulheres na XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, sobre a sinodalidade, que vai decorrer a partir de outubro, alargando o número de pessoas com direito de voto nestes encontros.
“São acrescentados mais 70 membros não-bispos, que representam outros fiéis do Povo de Deus (sacerdotes, pessoas consagradas, diáconos, fiéis leigos) e que provêm das Igrejas locais. São escolhidos pelo Papa a partir de uma lista de 140 pessoas identificadas (e não eleitas) pelos sete Organismos Internacionais das Conferências Episcopais e pela Assembleia dos Patriarcas das Igrejas Católicas Orientais (20 para cada uma destas realidades eclesiais)”, indica uma nota enviada à Agência ECCLESIA pela Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos.
A Santa Sé solicita que, entre as pessoas identificadas pelos vários organismos episcopais, “50% sejam mulheres e que a presença de jovens seja também valorizada”.
“Como membros, têm direito de voto. Além disso, para além dos 70 membros não-bispos acima mencionados, vale a pena mencionar que também será possível ter membros não-bispos entre os membros de nomeação pontifícia”, acrescenta o comunicado oficial.
Esta novidade já tinha sido assumida pelo Papa, em entrevista: “Qualquer pessoa que participe de um Sínodo tem direito a voto. Seja homem ou mulher. Todos, todos. A palavra ‘todos’ é fundamental para mim”.
O comunicado desta quarta-feira assinala que o direito ao voto se estende a cinco religiosas, que se juntam a cinco representantes masculinos dos Institutos de Vida Consagrada, no encontro, em vez da anterior representação confiada a “dez clérigos”.
Em 2021, Francisco tinha nomeado a religiosa francesa Nathalie Becquart como subsecretária do Sínodo dos Bispos, que se tornou a primeira mulher com direito de voto na assembleia sinodal.
A XVI Assembleia Geral Ordinária, destaca o Vaticano, mantém a “natureza episcopal”, sem “limitar a sua composição apenas aos bispos, admitindo um certo número de não-bispos como membros de pleno direito”.
“Esta opção está em continuidade com a progressiva apropriação da dimensão sinodal constitutiva da Igreja e a consequente compreensão das instituições através das quais ela se exerce”, indica a nota oficial.
Outras pessoas vão participar como peritos, à imagem do que acontecia no passado, a quem se juntam, pela primeira vez, os chamados “facilitadores”, ou seja, “pessoas especializadas cuja missão é facilitar os trabalhos nas diferentes fases”, mas sem direito a voto.
Na sequência de uma inédita consulta global às comunidades católicas, lançada pelo Papa em outubro de 2021, sete assembleias continentais aconteceram entre fevereiro e março, com a seguinte divisão: África e Madagáscar (SECAM), América Latina e Caraíbas (CELAM), América do Norte (EUA/Canadá), Ásia (FABC), Europa (CCEE), Médio Oriente (com a contribuição das Igrejas Católicas orientais) e Oceânia (FCBCO).
A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer de 4 a 29 de outubro de 2023; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.
O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.
(Com Ecclesia)