O Papa reforçou hoje o seu apelo à libertação de reféns israelitas, pelo Hamas, e à criação de corredores humanitários para ajudar a população de Gaza, na Palestina.
“Renovo o apelo à libertação dos reféns e peço, com força, que aas crianças, os idosos, os doentes, as mulheres e todos os civis não sejam vítimas do conflito”, declarou, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração do ângelus.
Francisco pediu que todas as partes respeitam o “direito humanitário”, sobretudo em Gaza, “onde é urgente e necessário garantir corredores humanitários e socorrer toda a população”.
“Irmãos e irmãs, já morreram muitíssimas pessoas. Por favor, que não se derrame mais sangue inocente, nem na Terra Santa nem na Ucrânia ou qualquer outro lugar. Basta!”, declarou.
“As guerras são sempre uma derrota, sempre”, acrescentou.
O Papa tinha começado por manifestar “muita dor” pelo que está a acontecer em Israel e na Palestina, apelando à oração, “força mansa e santa”, que se opõe “à força diabólica do ódio, do terrorismo e da guerra”.
Francisco convidou “todos os crentes” a unir-se à iniciativa da Igreja na Terra Santa, para fazer do próximo 17 de outubro um dia de oração e jejum pela paz.
Segundo d dados divulgados este domingo pelo Ministério da Saúde palestino, o número de mortos na Faixa de Gaza subiu para 2329 pessoas, com mais de 9 mil feridos; Israel regista um total de 1400 mortes, na sequência da ofensiva levada a cabo pelo Hamas, grupo considerado como organização terrorista pela União Europeia.
O exército israelita adiantou hoje que vai permitir a abertura de um corredor humanitário no sul da Faixa de Gaza, antes do início de uma nova fase da sua ofensiva no território.
Na sua intervenção dominical, Francisco manifestou também a sua preocupação com a crise humana no Nagorno-Karabakh, entre o Azerbaijão e a Arménia, falando na situação “grave” dos deslocados.
“Gostaria de fazer um apelo particular em favor da proteção dos mosteiros e dos locais de culto da região”, observou, destacando que estes monumentos fazem parte da “cultura local”, como “expressão de fé e sinal da fraternidade, que torna possível viver nas diferenças”
O Papa quis deixar uma palavra especial aos peregrinos ucranianos presentes na Praça de São Pedro: “Vejo as bandeiras da Ucrânia, não nos esqueçamos da martirizada Ucrânia”.
“Quantas vezes não atendemos ao convite de Deus porque estamos ocupados a pensar nas nossas próprias coisas! Muitas vezes lutamos para ter o nosso próprio tempo livre, mas hoje Jesus convida-nos a encontrar o tempo que nos liberta: o tempo para dedicar a Deus, que nos alivia e cura o nosso coração, que aumenta a paz, a confiança e a alegria em nós, que nos salva do mal, da solidão e da perda de sentido”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, antes da recitação do ângelus.
Perante mais de 20 mil peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, para a oração dominical, Francisco sublinhou a necessidade de “abrir espaço” para Deus, na vida quotidiana.
“Onde? Na Missa, na escuta da Palavra, na oração e também na caridade, porque ao ajudar os fracos ou pobres, ao fazer companhia aos solitários, ao ouvir os que pedem atenção, ao consolar os que sofrem, estamos com o Senhor, que está presente nos necessitados”, apontou.
O Papa admitiu que, para muitos, estas propostas são vistas como uma “perda de tempo”.
“Por isso, fecham-se no seu mundo particular e isso é triste, gera tristeza. Quantos corações tristes…”, lamentou.
“A qualidade da minha vida depende dos meus assuntos e do meu tempo livre ou do meu amor pelo Senhor e pelos meus irmãos e irmãs, sobretudo pelos mais necessitados? Perguntemo-nos isto”.
A reflexão começou por evocar a passagem do Evangelho segundo São Mateus que é lida nas celebrações dominicais de todo o mundo, na qual Jesus apresenta uma parábola, sobre um rei que prepara o banquete de casamento para o seu filho (cf. Mt 22,1-14) e convida todos para a festa, recebendo várias respostas negativas ou indiferentes.
“Este é o tipo de relacionamento que o Pai nos oferece: chama-nos para estar com Ele, deixando-nos a possibilidade de aceitar ou não o convite”, indicou.
Francisco sublinhou que o “não” a este convite é um “drama da história”, destacando que a responsabilidade é de cada pessoa, porque “Deus respeita muito a liberdade, muito”.
“Deus propõe-se, não se impõe, nunca”, insistiu.
Após a oração, o Papa recordou a publicação da sua nova exortação sobre Santa Teresa do Menino Jesus, ‘C’est la confiance’ (é a confiança).
“Como testemunhou esta grande santa e doutora da Igreja, a confiança no amor misericordioso de Deus é o caminho que nos leva ao coração do Senhor e do seu Evangelho”, declarou.
(Com Ecclesia)