Francisco rezou pelas populações perseguidas e recordou enviado especial ao país no último dia da visita à Coreia onde também rezou, juntamente com os católicos, pela reconciliação das duas Coreias.
O Papa recordou hoje as populações perseguidas pelos jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS), que tomaram várias cidades iraquianas.
“Tantos inocentes foram expulsos de suas casas no Iraque. Senhor, pedimos-vos que eles possam em breve retornar”, escreveu Francisco aos seus mais de 15 milhões de seguidores na rede social Twitter.
Antes, durante a Missa a que presidiu na Catedral de Myeong-dong no final de uma viagem de cinco dias à Coreia do Sul, o Papa e os participantes rezaram pelo enviado especial ao Iraque, o cardeal Fernando Filoni, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos (Santa Sé).
“Pelo cardeal Fernando Filoni, que deveria estar aqui connosco mas que não pode vir, porque foi enviado pelo Papa ao povo sofredor do Iraque, para ajudar os irmãos perseguidos e espoliados, e todas as minorias religiosas que sofrem nessa terra”, pediu Francisco, numa intervenção feita de improviso.
Já no domingo, o Papa tinha usado a sua conta ‘@pontifex’ no Twitter para recordar esta situação: “Senhor, diante de tanta violência no Iraque, ajudai-nos a perseverar na oração e na generosidade”.
O cardeal Filoni disse à Rádio Vaticano que estava muito “emocionado” com as intervenções do Papa e pediu que a comunidade internacional ajude as populações em fuga, por causa da violência.
O responsável, antigo representante diplomático da Santa Sé em Bagdade, visitou acampamentos para refugiados para cristãos e yazidis, tendo revelado que encontrou “uma situação muito dramática” do ponto de vista psicológico e moral.
“As crianças, naturalmente muitas, que nos rodeavam, olhavam-nos com aqueles olhos grandes, quase que a perguntar-nos: ‘O que vocês estão a fazer por nós?’ É uma situação comovente, de grande sofrimento”, referiu.
O cardeal italiano considera que o futuro das comunidades cristãs está “em risco” e pede uma intervenção da ONU, “com urgência”.
Na oração de Francisco esteve igualmente a reconciliação das duas Coreias. O Papa , que termina hoje a visita à Coreia do Sul, voltou a fazer um apelo à reconciliação dos dois países, formalmente em guerra desde 1953.
Francisco convidou os responsáveis políticos e diplomáticos a enfrentarem o “desafio perene de derrubar os muros da desconfiança e do ódio”, promovendo uma “cultura de reconciliação e solidariedade”.
O padre Pedro Louro, dos missionários da Consolata na Coreia do Sul, diz que a Igreja Católica está empenhada em concretizar o apelo do Papa Francisco à reconciliação e paz na península coreana.
Em entrevista concedida à Rádio Vaticano, o sacerdote português realça que a estruturas católica local “há muito tempo que se comprometeu com a ajuda à Coreia do Norte”.
“Não o pode fazer diretamente, porém fá-lo através da Cáritas Internacional”, por intermédio da realização de “muitos projetos, umas vezes dando a cara, outras de um modo escondido, não aparecendo”, frisa o missionário.
Segundo o padre Pedro Louro, a situação na Coreia do Norte é atualmente “muito crítica, a diversos níveis”, a começar pelo plano “humanitário”, pela “situação das pessoas”.
A repressão praticada pelo Governo sobre as populações, com a existência de “muitos campos de concentração”, com vários “níveis de dureza”; e a falta de liberdade de movimentação das pessoas “dentro do próprio país” são apenas dois exemplos que ilustram o cenário que se vive naquele país.
Além disso, “pessoas muitas vezes não têm a possibilidade de se alimentarem como quereriam ou como deveriam, a subalimentação é um dos problemas graves”.
“Depois há o problema da saúde também e da educação, aquela que se possa dizer mais elevada é praticamente só para as classes de elite, não é distribuída a toda a gente, não é acessível a todos”, relata o sacerdote.
Na base de toda esta conjuntura está uma “questão política”, um regime político sobre o qual as informações e notícias são escassas ou nem sempre são as “mais concretas”.
Apesar de ter ainda uma ação “muito limitada”, relativamente ao futuro da Coreia do Norte, a Igreja Católica procura “manter o canal aberto” entre as duas nações.
Em “quase todas as dioceses” da Coreia do Sul, estão a ser formados missionários com o objetivo de serem enviados para a Coreia do Norte assim que esta nação se abra mais ao mundo.
“Mesmo a nível de evangelização da Coreia do Norte, a Coreia do Sul está-se a preparar. Obviamente quando é que vai chegar essa possibilidade de entrar ou das pessoas poderem ir e vir, realmente por agora não se sabe”, aponta o padre Pedro Louro.