“Perdoa-nos as nossas ofensas: concede-nos a tua paz” é o tema escolhido pelo Papa Francisco para o próximo Dia Mundial da Paz 2025, celebrada a 1 de janeiro.
A informação foi publicada hoje na Sala de imprensa da Santa Sé, através de um comunicado do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, que sublinha a concordância entre as últimas encíclicas do Papa, «Laudato Si’» e «Fratelli tutti» com o Jubileu da esperança que a Igreja católica vai viver no próximo ano, num “apelo à conversão que visa não condenar, mas reconciliar e a construir a paz”.
“Partindo da constatação da realidade dos conflitos e dos pecados sociais que afligem a humanidade de hoje, olhando para a esperança inerente à tradição jubilar da remoção dos pecados e anulação das dívidas e à reflexão dos padres da Igreja, podem surgir orientações concretas que conduzam a uma mudança muito necessária nos âmbitos espiritual, moral, social, económico, ecológico e cultural”, pode ler-se no comunicado.
O caminho para a paz, sublinha ainda a informação, tem início com “uma verdadeira conversão, pessoal, comunitária e internacional,” e quando concretizado “não se manifesta apenas na conclusão dos conflitos, mas numa nova realidade em que as feridas são curadas e a dignidade de cada pessoa é reconhecida”, indica.
O Dia Mundial da Paz foi instituído em 1968 por São Paulo VI (1897-1978) e é celebrado no primeiro dia de cada ano, com uma mensagem papal.
Ainda hoje, no Vaticano, numa audiência com uma delegação da Associação da Comunidade Afegã em Itália, Francisco afirmou que não se deve instrumentalizar as religiões para fomentar o ódio.
“É, pois, imperativo que todos desenvolvam a convicção de que não se pode, em nome de Deus, fomentar o desprezo pelos outros, o ódio e a violência”, afirmou Francisco, num discurso divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
O Papa aludiu às “últimas décadas” no Afeganistão, que tem tido uma “história complicada e dramática, marcada por uma sucessão de guerras e conflitos sangrentos, que tornaram muito difícil para a população levar uma existência pacífica, livre e segura”.
“O fator religioso, pela sua própria natureza, deveria contribuir para atenuar a dureza dos contrastes, deveria criar espaço para que a todos fossem concedidos, em pé de igualdade e sem discriminação, plenos direitos de cidadania. No entanto, muitas vezes a religião é manipulada e instrumentalizada, acabando por servir desígnios que não são compatíveis com ela”, destacou.
Francisco encorajou a associação a prosseguir o “nobre” esforço “de promover a harmonia religiosa e a trabalhar para superar os mal-entendidos entre as diferentes religiões, a fim de construir um caminho de diálogo confiante e de paz”.
“Não é um caminho simples, às vezes sofre retrocessos, mas é o único caminho possível a ser seguido com tenacidade e constância, se realmente existe o desejo de fazer o bem pela comunidade e promover a paz”, defendeu.
Na audiência, o Papa lembrou a Declaração sobre a Fraternidade Humana, firmada em conjunto com o grande imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, a 4 de fevereiro de 2019, em Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), renovando o apelo pelo fim da instrumentalização da religião.
“As religiões nunca incitam à guerra e não solicitam sentimentos de ódio, hostilidade, extremismo, nem convidam à violência ou ao derramamento de sangue. Esses infortúnios são frutos do desvio dos ensinamentos religiosos, do uso político das religiões e também das interpretações de grupos de homens religiosos que abusaram da influência do sentimento religioso sobre os corações das pessoas para levá-las a realizar o que não tem nada a ver com a verdade da religião”, recordou.
O Papa sublinhou que o que foi dito neste documento sobre o papel da religião pode ser aplicado às diferenças étnico-linguístico-culturais.
É necessário “adotar a cultura do diálogo como caminho; a colaboração comum como conduta; o conhecimento mútuo como método e critério”, realçou.
No final da intervenção, Francisco pediu a Deus, em oração, que ajude os “os governantes e os povos na construção de uma sociedade onde a todos seja reconhecida plena cidadania na igualdade de direitos; onde cada um possa viver conforme seus próprios costumes e sua própria cultura, num contexto que considere os direitos de todos, sem prevaricações ou discriminações”.
(Com Ecclesia e Vatican News)