O Papa apelou hoje ao respeito pelas indicações das autoridades políticas e de saúde para travar o avanço da pandemia de Covid-19, no dia em que as audiências gerais voltaram a decorrer sem peregrinos.
“Infelizmente tivemos de voltar a esta audiência na Biblioteca, para defender-nos dos contágios da Covid. Isso ensina-se que temos de estar muito atentos às prescrições da autoridade, das autoridades políticas e sanitárias, para nos defendermos desta pandemia”, referiu Francisco, no início da iniciativa semanal, com transmissão online.
“Ofereçamos ao Senhor esta distância, por nós pelo bem de todos, e pensemos, pensemos muito nos doentes, que já entram em hospitais como descartados,”, acrescentou, falando de improviso.
O confinamento parcial entrou hoje em vigor em 121 concelhos de Portugal continental onde há “risco elevado de transmissão da Covid-19”, aplicando-se o dever de permanência em casa, exceto para deslocações autorizadas.
O Papa deixou uma palavra de apreço pelo papel dos médicos, enfermeiros, voluntários, todos os que trabalham com os doentes, que “arriscam a vida e o fazem por amor, pela sua vocação, por amor ao próximo”.
“Rezemos por eles”, pediu.
O Vaticano anunciou a 29 de outubro a suspensão das audiências públicas com peregrinos, que decorrem agora à porta fechada e com transmissão online, a partir da Biblioteca do Palácio Apostólico.
Os encontros semanais com o Papa vinham a realizar-se no auditório Paulo VI, mas Francisco limitava-se a cumprir os peregrinos à distância, evitando a tradicional passagem pelos corredores que provocavam aglomerações.
Em nota enviada aos jornalistas, o Vaticano explicou que a mudança acontece depois de ter sido comunicado “um caso positivo de Covid-19” durante a audiência de 21 de outubro e visa “evitar um eventual risco futuro para a saúde dos participantes”.
Em março, aquando da declaração de pandemia, o Vaticano decidiu suspender a participação de peregrinos nas audiências semanais; os fiéis voltaram a acompanhar o Papa desde setembro, primeiro no Pátio de São Dâmaso, ao ar livre e, a partir de outubro, no referido auditório Paulo VI.
Na sua catequese desta manhã, o Papa destacou o “poder da oração”, a partir dos relatos dos Evangelhos sobre a vida de Jesus, retratado várias vezes a rezar em “lugares isolados”.
“Um dia vivido sem oração corre o risco de transformar-se numa experiência aborrecida ou maçadora: tudo o que nos acontece poderia tornar-se para nós num destino mal suportado e cego. Jesus, pelo contrário, educa para a obediência à realidade e, portanto, à escuta. A oração é, antes de mais nada, escuta e encontro com Deus”, afirmou.
Francisco recomendou que os católicos rezem “com insistência”, aprofundando as “orações episódicas, que nascem da emoção de um momento”, o que exige disciplina e espaço para a “vida interior”.
“Sem vida interior tornamo-nos superficiais, agitados, ansiosos”, advertiu.
(Com Ecclesia)