Francisco deseja que “todos tenham o necessário para viver com dignidade e contribuir ativamente para a missão”
O Papa pediu hoje que as comunidades católicas superem “preconceitos” e “rigidez”, valorizando a sobriedade e a escuta na Igreja.
“Ser sóbrio nos pensamentos e nos sentimentos, abandonando os preconceitos e a rigidez que, como bagagem inútil, pesam e dificultam o caminho, para favorecer, pelo contrário, o debate e a escuta e, assim, tornar o testemunho mais eficaz”, declarou, desde a janela do apartamento pontifício, antes da recitação da oração do ângelus.
Perante centenas de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, Francisco apresentou uma reflexão sobre a passagem do Evangelho segundo São Marcos, em que Jesus envia os seus discípulos em missão.
“Os discípulos são enviados juntos e devem levar consigo apenas o necessário”, observou.
Segundo o Papa, esta ordem de Jesus mostra que “o Evangelho não é proclamado sozinho, mas em conjunto, como comunidade”.
“Para fazer isso é importante saber preservar a sobriedade: saber ser sóbrio no uso das coisas, compartilhando recursos, habilidades e dons, prescindindo do supérfluo, para ser livres, e para que todos tenham o necessário para viver com dignidade e contribuir ativamente para a missão”, sustentou.
“Pensemos, por exemplo, no que acontece nas nossas famílias ou nas nossas comunidades: quando nos contentamos com o necessário, mesmo com pouco, com a ajuda de Deus é possível seguir em frente e entender-se, partilhando o que há, renunciando todos a alguma coisa e apoiando-se mutuamente. Isto é já um anúncio missionário”.
Francisco alertou para o que acontece quando cada um segue o seu próprio caminho e se apega “apenas às coisas”.
“Se não há escuta, se prevalecem o individualismo e a inveja, o ar torna-se pesado, a vida difícil, e os encontros tornam-se ocasião de inquietação, tristeza e desânimo, mais do que de alegria”, disse.
O Papa sublinhou os valores da “comunhão e sobriedade” para construir “uma Igreja missionária, a todos os níveis”.
“Sinto prazer em anunciar o Evangelho, de levar, onde vivo, a alegria e a luz que vêm do encontro com o Senhor? Para o fazer, estou comprometido em caminhar junto com os outros, partilhando com eles ideias e capacidades, com mente aberta e coração generoso? E finalmente: sei como cultivar um estilo de vida sóbrio e atento às necessidades dos irmãos?”, perguntou aos presentes.
Após a oração, Francisco evocou a celebração de Nossa Senhora do Carmo, na próxima terça-feira, convidando todos a rezar pela paz, pedindo “conforto para as populações que estão tomadas pelo horror da guerra”.
“Por favor, não esqueçamos a martirizada Ucrânia, a Palestina, Israel, Mianmar”, pediu.
(Com Ecclesia e Vatican News)