O Papa pediu hoje no Vaticano que as “armas se calem”, para que se iniciem diálogos em favor da paz, na Ucrânia e outros países atingidas pela violência.
“Não nos esqueçamos que a paz é possível quando as armas se calam e começa o diálogo. Continuemos a rezar pelo martirizado povo ucraniano e pela paz em todas as terras ensanguentadas pela guerra”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação do ângelus.
Francisco recordou ainda – como tinha feito na viagem ao Cazaquistão, concluída esta quinta-feira – a situação no Cáucaso, mostrando-se entristecido pelos recentes combates entre forças do Azerbaijão e da Arménia.
“Manifesto a minha proximidade espiritual às famílias das vítimas e exorto as partes a respeitar o cessar-fogo, tendo em vista o acordo de paz”, apelou.
O encontro com os peregrinos, na Praça de São Pedro, teve ainda um momento de oração pelas populações das Marcas, atingidas por uma violenta inundação, rezando pelas vítimas mortais, os feridos, as suas famílias e todas as pessoas atingidas pela tragédia.
“Que o Senhor dê forças àquela comunidade”, pediu Francisco.
As fortes chuvas e cheias que assolam a região de Marcas, no centro de Itália, fizeram pelo menos 11 mortos e dois desaparecidos, entre os quais uma criança de oito anos, com centenas de pessoas desalojadas.
Numa entrevista publicada hoje pelo jornal napolitano “Il Mattino”, que assinala o seu 130.º aniversário de publicação, o Papa sublinhou que “os pilares da verdadeira paz são a justiça e o perdão, que é uma forma particular de amor”.
“Como reiterei no encontro no Cazaquistão com líderes religiosos, somente o diálogo é o caminho necessário e sem volta. E é preciso dialogar com todos”, acrescentou.
A entrevista aborda as “cheias dramáticas” na região das Marcas, considerando que este novo desastre natural é “uma confirmação de que o desafio climático merece a mesma atenção do que a Covid e a guerra”.
“Precisamos de uma mudança completa de direção e deixar de impor, a nível geral, estruturas monopolistas que inflacionam os preços e acabam detendo o pão dos famintos”, adverte.
“É por isso que continuo a pedir aos fabricantes e traficantes de armas que cessem totalmente as suas atividades, que fomentam a violência e a guerra, colocando milhões de vidas em jogo. Assim como pedi aos gigantes da tecnologia que parassem de explorar a fragilidade humana para obter lucro, e que não favorecessem o aliciamento de menores na web, os discursos de ódio, as fake news, as teorias conspiratórias e a manipulação política”, afirmou.
Francisco aponta ao Mediterrâneo, onde já passou por Lesbos, Chipre, Malta ou Lampedusa, lamentando que se tenha transformado num “cemitério sem lápides, um mare mortuum”.
“Quando os pobres são rejeitados, rejeita-se Deus que está neles, e rejeita-se a paz”, lamentou, criticando os populismos.
O Papa diz que a cidade de Nápoles é um “paradigma da questão do Sul” na Itália, sublinhando que o problema é “universal, diz respeito ao futuro do mundo inteiro”.
“Pedi e continuo a pedir repetidamente, em nome de Deus, aos grupos financeiros e aos organismos internacionais de crédito que permitam aos países pobres garantir as necessidades básicas do seu povo e perdoar dívidas, tantas vezes, contraídas contra os interesses desses mesmos povos”, prosseguiu.
(Com Eclesia)