Milhares de pessoas acolheram Francisco na localidade de Vanimo, no noroeste da Papua-Nova Guiné, junto à fronteira com a província indonésia da ilha
O Papa visitou este domingo a localidade de Vanimo, no noroeste da Papua-Nova Guiné, onde foi recebido em festa por dezenas de milhares de pessoas, que convidou a superar todas as “divisões” entre si.
“Formaremos assim, cada vez mais, como uma grande orquestra, capaz, com as suas notas, de recompor rivalidades, de superar divisões – pessoais, familiares e tribais -; de banir do coração das pessoas o medo, a superstição e a magia; de pôr fim a comportamentos destrutivos como a violência, a infidelidade, a exploração, o uso do álcool e da droga”, referiu, na saudação aos membros da comunidade católica que se reuniram diante da Catedral da Santa Cruz.
Francisco deixou Porto Moresby, a capital, num avião da Força Aérea australiana para percorrer cerca de mil quilómetros até a uma cidade portuária predominantemente católica, junto à fronteira com a província indonésia da ilha.
Em Vanimo estão presentes vários missionários estrangeiros, entre os quais o padre argentino Martin Prado, há dez anos no país, e amigo de Francisco.
O Papa foi recebido com danças e cânticos tradicionais e pelo entusiasmo de milhares de pessoas nas ruas, tendo ouvido os testemunhos do bispo local, D. Francis Meli e os de uma catequista, de uma menina com deficiência acolhida por religiosas no Lar de Lujan, de uma religiosa e de um casal.
A intervenção, lida em italiano e traduzida para inglês, falou numa “terra maravilhosa, uma terra jovem e missionária”.
“As igrejas, as escolas, os hospitais e os centros missionários testemunham à nossa volta que Cristo veio trazer a salvação a todos, para que cada um possa florescer em toda a sua beleza para o bem comum”, referiu.
“Vós aqui sois especialistas em beleza, porque estais rodeados de beleza! Viveis numa terra magnífica, rica numa grande variedade de plantas e de aves, onde se fica de boca aberta perante as cores, os sons e os aromas, perante o grande espetáculo da natureza cheia de vida”, disse Francisco.
O Sumo Pontíficie convidou todos a anunciar, “através do amor a Deus e aos irmãos”, a “beleza do Evangelho de Cristo”, agradecendo aos responsáveis que enfrentam longas viagens, para chegar até às comunidades mais distantes.
“Fazem uma coisa bonita, e é importante que não sejam deixados sozinhos, mas que toda a comunidade os apoie, para que possam cumprir o seu mandato com serenidade, sobretudo quando têm de conciliar as exigências da missão com as responsabilidades da família”, pediu.
O Papa destacou que o trabalho missionário deve ser feito “em casa, na escola, no local de trabalho”, para que “em todo o lado, nas florestas, nas aldeias e nas cidades, à beleza da paisagem corresponda a beleza de uma comunidade em que todos se amam”.
“Recordemos: o amor é mais forte do que tudo isso e a sua beleza pode curar o mundo, porque tem as suas raízes em Deus”, observou.
Francisco recebeu um colorido chapéu de penas, couro e pele, um símbolo de autoridade para as tribos locais.
Vanimo, conhecida pelas suas florestas de mangue e como destino de surf, é uma referência da cultura e tradições indígenas Aitape e Mamberamo.
“Caros amigos, muitos turistas, depois de visitarem o vosso país, regressam a casa dizendo que viram o paraíso. Referem-se geralmente à paisagem e atrações naturais que apreciaram. Mas nós sabemos que esse não é o maior tesouro. Há um outro, mais belo e fascinante, que se encontra nos vossos corações e que se manifesta na caridade com que vos amais uns aos outros”.
Francisco deixou votos de que à beleza natural da Papua-Nova Guiné, conhecida pela “variedade de flora e fauna, pelas suas praias encantadoras e pelo seu mar límpido”, corresponda sempre uma população de “sorrisos contagiantes e alegria transbordante”.
Simbolicamente, antes do fim do encontro, o Papa ofereceu a Rosa de Ouro, colocada junto à imagem da Virgem Maria, ali venerada sob a invocação de Nossa Senhora de Luján, a padroeira da Argentina, terra natal de Francisco.
Fazendo o percurso entre a multidão, num carro de golfe, o Papa seguiu para o Colégio Humanista da Santíssima Trindade de Baro, uma aldeia situada a cerca de 6 km de Vanimo.
Francisco assistiu a um pequeno concerto da orquestra “Rainha do Paraíso”, com alunos desta escola, antes do encontro privado com os missionários que servem a comunidade local.
Papa apela à defesa do ambiente e ao respeito pelas culturas
“Paz! Paz para as nações e também para a criação! Não ao rearmamento e à exploração da casa comum! Sim ao encontro entre povos e culturas, sim à harmonia do homem com as criaturas!”, disse, antes da recitação do ângelus, perante milhares de pessoas no Estádio Sir John Guise.
No final da Missa a que presidiu em Porto Moresby, inaugurando o terceiro dia de viagem à Papua-Nova Guiné, Francisco falou numa “terra abençoada pelo Criador” e nos “desígnios de paz e de justiça” de Deus para toda a humanidade.
“Gostaria de invocar juntamente convosco, por intercessão de Maria Santíssima, o dom da paz para todos os povos. Em particular, peço-o para esta grande região do mundo, entre a Ásia, a Oceânia e o Oceano Pacífico”, declarou.
O Papa rezou pela Igreja na Papua Nova Guiné e nas Ilhas Salomão, comunidades que fazem parte da mesma Conferência Episcopal.
“Que Maria Auxílio dos Cristãos – Maria Helpim vos acompanhe e proteja sempre: fortaleça a união das famílias, faça com que os sonhos dos jovens sejam belos e corajosos, ampare e console os idosos, conforte os doentes e os que sofrem”, desejou.
O Papa recordou ainda a celebração da Natividade de Maria, deixando uma palavra de solidariedade ao Santuário de Lourdes, França, atingido pelas inundações que atingem a região.
Após a recitação do ângelus, Francisco regressa à Nunciatura Apostólica, antes de nova deslocação de quase mil quilómetros até Vanimo, localidade no norte do país e no interior da selva, com cerca de 10 mil habitantes, para um encontro na Catedral da Santa Cruz e uma reunião privada com missionários, vários dos quais argentinos.
O último dia na Papua-Nova Guiné, na segunda-feira, é marcado pelo encontro com cerca de 20 mil jovens, de novo no Estádio Sir John Guise, pelas 09h45 locais (00h45 em Lisboa), antes da cerimónia de despedida no aeroporto internacional e a partida para Díli.
A viagem mais longa do atual pontificado, que começou na Indonésia (3-6 de setembro), passa pela Papua-Nova Guiné (6-9 de setembro), Timor-Leste (9-11 de setembro) e Singapura (11-13 de setembro).
(Com Ecclesia e Vatican Media)