Francisco enviou mensagem a participantes em encontro que decorre na Cidade do México.
O Papa manifestou a sua preocupação com as crianças da América Central que emigram sozinhas para norte e pediu que a questão das migrações seja abordada a partir da “cultura do encontro” em vez do “medo”.
Francisco dirigia-se aos participantes num encontro sobre mobilidade humana e desenvolvimento, que decorre na Cidade do México, com a presença do secretário de Estado do Vaticano.
A mensagem, divulgada hoje pela sala de imprensa da Santa Sé, chama a atenção para milhares de crianças que emigram sem acompanhamento, procurando fugir da pobreza e da violência, num número que aumenta “todos os dias”.
“Esta é uma categoria de migrantes que, da América Central e do México, atravessa a fronteira com os Estados Unidos em condições extremas, em busca de uma esperança que na maioria das vezes é em vão”, escreve o Papa.
Segundo Francisco, esta “emergência humana” exige “uma intervenção urgente, a fim de que esses menores sejam acolhidos e protegidos”.
Eventuais medidas, pode ler-se, não serão suficientes “se não forem acompanhadas por políticas de informação sobre os perigos de uma viagem deste tipo e de promoção e desenvolvimento nos países de origem”.
“É necessário chamar a atenção de toda a comunidade internacional para que possam ser adotadas novas formas de migração legal e segura”, prossegue.
O texto começa por referir que a globalização é um fenómeno que deve interpelar todos, “sobretudo numa das suas manifestações principais que é a migração”.
“Apesar do grande fluxo de migrantes presentes em todos os continentes e em quase todos os países, a migração é vista ainda como uma emergência ou como circunstancial e esporádica, mas tornou-se um elemento característico e um desafio para as nossas sociedades”, destaca o Papa.
Francisco lembra que muitas pessoas obrigadas a emigrar “sofrem e muitas vezes morrem tragicamente; muitos dos seus direitos são violados”, sendo objeto de “comportamentos racistas e xenófobos”.
Diante dessa situação, Francisco repete na nota o que afirmou na mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2014: “É preciso que todos mudem a atitude em relação aos migrantes e refugiados; é necessário passar de uma atitude de defesa e de medo, de desinteresse ou de marginalização – que, no final, corresponde precisamente à ‘cultura do descartável’ – para uma atitude que tem por base a ‘cultura do encontro’, a única capaz de construir um mundo mais justo e fraterno, um mundo melhor”.
O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, foi convidado pelo Governo mexicano para um congresso que procura estabelecer “um programa comum” entre o executivo desse país e a Santa Sé.
O cardeal italiano afirmou, durante os trabalhos, que “as sociedades onde os migrantes legais não são acolhidos abertamente e são tratados com preconceito, como sujeitos perigosos ou nocivos, mostram ser fracas e impreparadas para os desafios das próximas décadas”.