Francisco confessa-se «entristecido»
O Papa manifestou hoje a sua tristeza perante a decisão da Turquia de voltar a converter a antiga basílica de Santa Sofia, em Istambul, numa mesquita.
“O meu pensamento vai para Istambul. Penso em Santa Sofia e estou muito entristecido”, disse Francisco, falando de improviso desde a janela do apartamento pontifício, perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para a recitação do ângelus.
A breve intervenção foi saudada pelos presentes com uma salva de palmas.
Construída no século VI, a antiga basílica, que já foi a maior catedral do Cristianismo, seria convertida em mesquita no século XV, após a captura de Constantinopla em 1453.
Em 1934, a basílica foi transformada num museu e em 1985 entrou para a lista do Património Mundial da UNESCO.
O Conselho de Estado, o mais alto tribunal administrativo da Turquia, aceitou na sexta-feira o pedido de diversas associações, tendo revogado a medida governamental de 1934; o edifício vai estar aberto às orações muçulmanas a partir de 24 de julho, sexta-feira.
O patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu, alertou para o impacto negativo desta decisão, que pode virar “milhões de cristãos em todo o mundo contra o Islão”, falando uma “rutura” entre Oriente e Ocidente.
“Santa Sofia, um lugar que agora permite que os dois povos se encontrem e admirem a sua grandeza, passa a tornar-se novamente um motivo de oposição e confronto”, referiu o líder ortodoxo.
Em novembro de 2014, o Papa Francisco esteve no local, tal como o Papa emérito Bento XVI, em novembro de 2006.
Também o Conselho Ecuménico das Igrejas contestou a decisão do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, sublinhando que Santa Sofia é desde 1934 “um local de abertura, encontro e inspiração para pessoas de todas as nações e credos”.
A Catedral bizantina da Divina Sabedoria foi inaugurada em 537 pelo imperador Justiniano.
Já na sexta feira, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) advertiu hoje a Turquia para o “valor universal excecional” de Santa Sofia, transformada em museu e Património da Humanidade.
“Esta classificação acarreta um número de compromissos e obrigações legais. Assim, um Estado deve garantir que nenhuma modificação é feita ao valor universal excecional da propriedade inscrita no seu território”, assinala a UNESCO, em comunicado.
“Hagia Sophia tornou-se num modelo para uma família inteira de igrejas e, mais tarde, de mesquitas, e os mosaicos dos palácios e igrejas de Constantinopla influenciaram a arte oriental e ocidental”, acrescenta a organização.
(Com Ecclesia)