O Papa Francisco decidiu instituir o ministério de catequista, na Igreja Católica, através da carta apostólica (Motu Proprio) ‘Antiquum ministerium’, publicado hoje pelo Vaticano.
“Depois de ter ponderado todos os aspetos, em virtude da autoridade apostólica, instituo o ministério laical de catequista”, escreve Francisco.
O texto sublinha que “ainda hoje, há muitos catequistas competentes e perseverantes que estão à frente de comunidades em diferentes regiões, realizando uma missão insubstituível na transmissão e aprofundamento da fé”.
A decisão diz respeito a homens e mulheres que não pertencem ao clero nem a institutos religiosos, reconhecendo de forma “estável” o serviço que prestam na transmissão da fé, “desempenhado de maneira laical como exige a própria natureza do ministério”.
“Convém que, ao ministério instituído de catequista, sejam chamados homens e mulheres de fé profunda e maturidade humana, que tenham uma participação ativa na vida da comunidade cristã, sejam capazes de acolhimento, generosidade e vida de comunhão fraterna, recebam a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica para ser solícitos comunicadores da verdade da fé e tenham já maturado uma prévia experiência de catequese”, precisa Francisco.
O Papa assinala que o ministério laical como o de catequista imprime uma “acentuação maior ao empenho missionário típico de cada um dos batizados”, convidando as comunidades católicas a rejeitar “qualquer tentativa de clericalização”.
A carta apostólica ‘Ministério Antigo’ refere que o catequista deve estar ao “serviço pastoral da transmissão da fé” que se desenvolve nas suas diferentes etapas, desde o “primeiro anúncio” à formação permanente, passando pela preparação para os sacramentos da iniciação cristã (Batismo, Confirmação e Eucaristia).
Francisco recorda que, em 1972, o Papa São Paulo VI adaptou os ministérios de Leitor e Acólito, pedindo às Conferências Episcopais para promover outros ministérios, entre os quais o de catequista, como “reconhecimento da presença de leigos e leigas que, em virtude do seu Batismo, se sentem chamados a colaborar no serviço da catequese”.
Esta presença torna-se ainda mais urgente nos nossos dias, devido à renovada consciência da evangelização no mundo contemporâneo e à imposição duma cultura globalizada, que requer um encontro autêntico com as jovens gerações, sem esquecer a exigência de metodologias e instrumentos criativos que tornem o anúncio do Evangelho coerente com a transformação missionária que a Igreja abraçou”.
O Papa adianta que o ministério exige um “devido discernimento” por parte de cada bispo diocesano e deve ser assumido, publicamente, através de um rito de instituição – atualmente a ser preparado pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (Santa Sé).
“Convido, pois, as Conferências Episcopais a tornarem realidade o ministério de catequista, estabelecendo o percurso formativo necessário e os critérios normativos para o acesso ao mesmo, encontrando as formas mais coerentes para o serviço que estas pessoas serão chamadas a desempenhar em conformidade com tudo o que foi expresso por esta Carta Apostólica”, escreve.
Esta é a segunda decisão de Francisco sobre ministérios de leigos, em 2021: a 11 de janeiro, estabeleceu que as mulheres tenham acesso aos ministérios de Leitor e Acólito com o motu proprio ‘Spiritus Domini’.
(Com Ecclesia)