O Papa Francisco começou hoje um novo ciclo de catequese, dedicado ao tema do discernimento, lembrando a sua importância e que “as escolhas são parte essencial da vida”, no auditório Paulo VI, no Vaticano.
“Discernir é um ato importante que se refere a todos, as escolhas constituem uma parte essencial da vida. Escolhe-se comida, roupa, um curso, um emprego, uma relação. Em tudo isso se realiza um projeto de vida, e também se concretiza a nossa relação com Deus”, disse Francisco, na audiência geral desta quarta-feira.
Francisco indicou que no Evangelho, “Jesus fala de discernimento com imagens tiradas da vida quotidiana”, quando descreve os pescadores que “selecionam os bons peixes”, o comerciante que “sabe identificar, entre muitas pérolas, a de maior valor”, ou o lavrador que “encontra algo que acaba por ser um tesouro”.
“À luz desses exemplos, o discernimento é apresentado como um exercício de inteligência, de perícia e também de vontade, para reconhecer o momento favorável. Estas são as condições para uma boa escolha”, acrescentou.
O Papa realçou, saindo do discurso, que “as decisões são tomadas por todas as pessoas” e não há quem a tome por outra pessoa, que pode “pedir um conselho, mas a decisão é da pessoa”, para decidir bem “é necessário saber discernir”.
“O discernimento é cansativo, mas indispensável para viver. Requer que eu me conheça, que eu saiba o que é bom para mim aqui e agora. Antes de tudo, exige uma relação filial com Deus, Deus é Pai e não nos deixa sozinhos, está sempre disposto a aconselhar-nos, a encorajar-nos, a acolher-nos. Mas ele nunca impõe sua vontade, porque quer ser amado e não temido.”
Na 29ª audiência de 2022, com cerca de seis mil pessoas, Francisco assinalou que o Evangelho também sugere que “os afetos” são outro aspeto importante do discernimento, e explica que “quem encontrou o tesouro não tem dificuldade de vender tudo, tão grande é a sua alegria”, e a palavra usada pelo evangelista Mateus “indica uma alegria totalmente especial, que nenhuma realidade humana pode dar”, e são “todas relativas ao encontro com Deus”.
Segundo o Papa, “o juízo final Deus fará um discernimento, o grande discernimento”, em relação a cada um, por isso, “é muito importante saber discernir”, e afirmou que discernimento “é a reflexão da mente, do coração”, que se deve fazer antes de tomar uma decisão.
“As grandes escolhas podem surgir de circunstâncias à primeira vista secundárias, mas que se revelam decisivas. Numa decisão boa, a vontade de Deus se encontra com nossa vontade. Encontra-se o caminho atual com o eterno. Tomar uma decisão justa, depois de um caminho de discernimento, é fazer esse encontro: O tempo com o eterno”, desenvolveu, assinalando que “Deus quer filhos livres, nunca impõe a sua vontade”.
Francisco lembrou que “conhecimento, experiência, afetos, vontade” são elementos “indispensáveis do discernimento”, que também envolve “esforço”, e neste novo ciclo de catequese vão refletir sobre outros “igualmente importantes”.
No final da audiência, na saudação aos peregrinos de língua portuguesa, o Papa pediu que “não” deixem “de pedir a ajuda do Espírito Santo – guia segura para um bom discernimento” – em cada escolha que tenham de fazer.
(Com Ecclesia e Vatican News)